Autor: Lusa/AO On line
“Eu acho que [o referendo] é uma possibilidade verdadeiramente admissível”, disse D. Manuel Clemente, respondendo a uma pergunta da jornalista Fátima Campos Ferreira, durante a tertúlia “125 minutos com…” que decorreu no Casino local.
O bispo do Porto considerou, igualmente, que os casamentos entre pessoas do mesmo sexo deviam ser alvo de um grande debate nacional, a promover “sem pressas”.
“Para que a sociedade diga se quer ou não quer secundarizar uma instituição [o casamento] que tem essas características, uma instituição que forma e enforma a sociedade desde que ela se conhece”, frisou.
D. Manuel Clemente argumentou ainda que o casamento enquanto instituição familiar, quando comparada com os casamentos homossexuais, possui “um outro significado histórico, é realmente outra coisa”.
“E não é outra coisa acidentalmente, é outra coisa essencialmente. Baseia-se na complementaridade masculino/feminino, tendo em vista não apenas a coabitação mas também a possível geração de filhos e a sua educação”, observou.
Nesse âmbito, defendeu “uma reflexão mais profunda da sociedade” dado o tema dos casamentos homossexuais “tocar em algo que é estruturante dessa mesma sociedade”.
“Não é um facto episódico ou acessório que se possa resolver apenas com uma mudança de legislação”, alertou.
Para D. Manuel Clemente, a tradição relativa ao casamento “significa que o Estado reconhece a essa união algo de importante e relevante para o bem comum da sociedade”.
“Não apenas para o gosto ou sensibilidade daquelas duas pessoas, masculinas ou femininas, mas para a sociedade”, acrescentou.
A posição do Bispo do Porto surgiu no mesmo dia em que o líder parlamentar do PS recusou a proposta do deputado do CDS-PP Ribeiro e Castro para que haja um referendo sobre casamentos homossexuais.
"Não faz qualquer sentido estar agora a promover um referendo. Para mais já se verificou no país que o referendo é um modelo de organização da decisão política habitualmente pouco participado", argumentou, aos jornalistas, o presidente do Grupo Parlamentar do PS.
Francisco Assis alegou ainda que "não faz sentido" a proposta de referendo do ex-líder do CDS-PP, porque o casamento entre pessoas do mesmo sexo constou nos programas de diversos partidos" nas últimas eleições legislativas.
"Este Parlamento tem toda a legitimidade para tratar do assunto [casamento entre pessoas do mesmo sexo] e vai tratá-lo brevemente", salientou o líder da bancada socialista.