Autor: Carlota Pimentel
O Bloco de Esquerda dos Açores considera que a ausência
de dados concretos que contrariem as graves revelações de António Vasco
Viveiros, ex-administrador do Hospital do Divino Espírito Santo (HDES),
deixam a secretária regional da Saúde, Mónica Seidi, numa “situação
insustentável”.
“Se houve possibilidade de reabrir mais cedo todo o
hospital de Ponta Delgada, a decisão de não o fazer é de enorme
gravidade, quer pelos custos financeiros, mas acima de tudo pelo dano
que causou na saúde das pessoas”, afirmou António Lima, citado em
comunicado.
Para o Bloco, é “fundamental” que sejam conhecidos
“imediatamente” todos os documentos que sustentaram a opção do executivo
pela instalação do hospital modular.
“As comissões de inquérito terão a sua utilidade, mas não se pode ficar quatro ou seis meses à espera das conclusões de uma comissão de inquérito”, avança.
Em nota enviada à comunicação social, o BE revela que solicitou ao Governo o acesso aos relatórios do Serviço de Instalações e Equipamentos do HDES – que segundo o ex-administrador apontavam a possibilidade de reabertura total do edifício principal do hospital em agosto de 2024 –, os relatórios das análises à qualidade do ar nas salas do bloco operatório – que foram utilizadas pelo governo como argumento para não reabrir, mas que, de acordo com António Vasco Viveiros, mostram que a qualidade até tinha melhorado depois da substituição dos filtros após o incêndio – bem como todos os documentos técnicos que contribuíram para a decisão de avançar para o hospital modular.
António Lima salienta que o Governo nunca revelou, até hoje, qualquer relatório com a lista com os danos concretos provocados pelo incêndio em cada um dos serviços.
Em comunicado, o deputado do BE acusou, ainda, o Governo Regional de estar a esconder os dados relativos às listas de espera nos últimos quatro meses e destaca os “maus resultados” dos últimos dados públicos, de setembro de 2024, realçando uma “quebra de 54% nas cirurgias programadas no hospital de Ponta Delgada e de 33% no Serviço Regional de Saúde (SRS), e aumento do tempo médio em lista de espera cirúrgica de 13% no HDES e no SRS”.
Sobre a acumulação de funções da presidente do conselho de administração do HDES com o cargo de diretora clínica e com a atividade em duas clínicas privadas, António Lima considera “não ser aceitável”.