Autor: Lusa/AO online
"Numa apreciação global, fica claro que a visita do primeiro-ministro mais não fez do que cumprir calendário, pois o seu conteúdo foi praticamente nulo. Teve unicamente em vista - porque vamos entrar em ano eleitoral - fugir à acusação de nunca ter visitado os Açores, durante um mandato", diz o partido, num comunicado.
Para o BE, a visita foi encarada por Passos Coelho "de forma descuidada" e a prova mais evidente foram as declarações sobre a revisão do diferencial fiscal (que permite à região baixar impostos).
"Desde as declarações atrapalhadas e pouco claras, em Ponta Delgada, passando pela tentativa de clarificação, na Horta, só no Pico Passos Coelho acertou a tática com o PSD/Açores: alterar a Lei de Finanças Regionais, para colocar nas mãos do Governo Regional a definição sobre a percentagem de diferencial. O BE/Açores considera infame a utilização dos interesses legítimos dos açorianos para manobras eleitorais", lê-se no comunicado que o partido divulgou.
O BE critica também a falta de resposta de Passos Coelho em relação à "já existente degradação económica e social" na ilha Terceira por a Força Aérea dos Estados Unidos da América ter deixado de enviar militares para as Lajes acompanhados pelas respetivas famílias.
"Se o problema fosse um banco, Passos Coelho teria respostas céleres, mas, como se trata de pessoas, não tem resposta", diz o partido.
Entre as críticas que faz a Passos Coelho, o BE/Açores inclui também as declarações do primeiro-ministro quando visitou o Departamento de Oceanografia e Pescas da Universidade dos Açores, onde foi confrontado com protestos "contra os cortes na investigação".
"Será que o senhor primeiro-ministro não sabe o que é investigação científica? Não sabe que está perante um corpo de investigadores/as que tem prestígio internacional? Não sabe que os Açores são responsáveis por 2/3 da área marítima sobre a qual o país tem soberania? Claro que sabe! Sabe, mas escolhe propor uma Lei do Ordenamento Marítimo que privatiza o mar e os seus recursos", conclui o BE/Açores.
O partido pede, por outro lado, explicações ao presidente do Governo dos Açores, Vasco Cordeiro, sobre o novo modelo de ligações aéreas ao arquipélago, que inclui a liberalização das rotas entre o continente e duas ilhas a partir de 2015.
"Foi com espanto que assistimos ao anúncio do acordo entre o Governo da República e o Governo Regional sobre esta matéria", diz a direção do BE, lembrando que o acordo já tinha sido anunciado pelo executivo dos Açores em julho.