Açoriano Oriental
BE/Açores contra proposta do Governo Regional para miradouro da Lagoa do Fogo

O BE/Açores manifestou-se esta quarta-feira contra a intervenção planeada pelo Governo Regional para o miradouro da Lagoa do Fogo, na ilha de São Miguel, e propôs a utilização de ‘shuttles’ elétricos no local.

BE/Açores contra proposta do Governo Regional para miradouro da Lagoa do Fogo

Autor: Lusa/AO online

Para o BE/Açores, a estratégia do Governo Regional é “adaptar a zona protegida à pressão dos atuais e futuros visitantes” e “não o ordenamento da cada vez maior procura dos visitantes ao local, que se quer protegido e preservado”.

O Governo Regional pretende criar uma zona de apoio aos visitantes e um novo miradouro no interior da caldeira.

Em comunicado, aquela força política sugere uma solução alternativa, que passaria pela utilização de ‘shuttles’ elétricos, associados a locais de estacionamento em zonas “mais distantes da zona protegida”.

Esta é uma solução “ecologicamente mais sustentável”, que “permite a limitação do número de viaturas no local em simultâneo”, criando “menor pressão sobre aquele espaço, que deveria ter o mínimo possível de intervenção”, defendeu o BE/Açores.

O partido recorda que a área da caldeira do vulcão da Lagoa de Fogo é um geossítio classificado como reserva natural desde 1974, estando inserida no Plano Setorial para a Rede Natura 2000 dos Açores, como zona especial de conservação da diversidade biológica e ecológica.

“Condenamos a realização de obras públicas em áreas classificadas como reservas naturais e definidas pelo próprio Governo Regional, obras essas que servem apenas para responder ao aumento do turismo e não para compatibilizar a fruição do local com a sua necessária proteção e conservação”, referem os bloquistas.

O BE/Açores estende esta “preocupação geral” à construção de uma ciclovia no concelho de Lagoa, entre a zona do Portinho de São Pedro e o Largo do Cruzeiro, uma vez que esta se situa “em zona classificada como reserva ecológica”, sendo “particularmente vulnerável a fenómenos naturais como agitação marítima, classificação que pouco pesou na decisão do Governo dos Açores em autorizar a obra”.

O partido manifesta a sua preocupação com a “falta de cuidado existente na definição do que possa ser considerado de ‘interesse público’, invocado para a aprovação e concretização de intervenções em áreas protegidas”.

De acordo com o Governo dos Açores, a intervenção no miradouro da Lagoa do Fogo foi concebida "na perspetiva de gestão e conservação da área protegida" de um dos 'ex-líbris' naturais e paisagísticos da região, com o “objetivo de harmonizar a presença dos visitantes com a preservação do património natural”.

Pretende-se, simultaneamente, “proporcionar uma experiência singular de visitação a um dos 'ex-líbris' naturais e paisagísticos da ilha de São Miguel e dos Açores", lê-se na nota, que surgiu após o PCP/Açores ter pedido "informações com urgência" ao Governo açoriano sobre o estudo e o projeto de impacto ambiental de requalificação do miradouro da Lagoa do Fogo, recordando que o documento mereceu contestação, por exemplo, de organizações ambientais.

O projeto de requalificação daquela zona foi apresentado em novembro de 2019 pela Secretária Regional da Energia, Ambiente e Turismo, Marta Guerreiro, que anunciou que será criada uma zona de apoio aos visitantes e um novo miradouro, anulando-se o atual, situado na berma da estrada regional”.

“Prevê-se a criação de um novo ponto de acesso ao miradouro, que passará a localizar-se no interior da caldeira, através da construção de um túnel, desenhado para que tenha um impacto visual praticamente nulo”, indicou a governante, citada na altura pelo Gabinete de Apoio à Comunicação Social (GACS).

O Governo Regional quer ainda dotar o miradouro com um posto de acolhimento, uma zona de apresentações, instalações sanitárias e o percurso de acesso à caldeira.

Segundo a secretária regional, o miradouro pretende também “disciplinar a entrada no trilho da Lagoa do Fogo, que se passa a fazer unicamente através desta zona, permitindo que haja uma gestão, um controlo e uma monitorização dos acessos mais eficaz”.

Outro dos objetivos desta requalificação é “evitar alguns constrangimentos atualmente existentes com a paragem de viaturas na estrada”, indicou Marta Guerreiro.


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