Açoriano Oriental
Associação pede legislação sobre animais de assistência e terapia

A Associação Portuguesa para Intervenção com Animais de Ajuda Social (ÂNIMAS) pediu mais legislação sobre animais de assistência e terapia, para acabar com a proliferação de técnicos sem formação que criam falsas expectativas em cidadãos com deficiência.


Autor: Lusa/AO online


Esse será um dos temas em debate no I Congresso Internacional sobre Animais de Ajuda Social, que irá decorrer a 25 e 26 de novembro na Biblioteca Municipal de Oliveira de Azeméis, contando já com cerca de 80 inscrições por parte de beneficiários, terapeutas, psicólogos, veterinários, gerontologistas, educadores caninos, agrónomos, zootécnicos, docentes de enfermagem e etologia.

"Os animais de ajuda social são fantásticos desbloqueadores e motivadores, e as suas potencialidades começam a chamar a atenção, mas também há o reverso da medalha, porque pessoas sem formação e ética aproveitam-se das necessidades das famílias, dão-lhes esperança e depois vê-se muita situação de ‘gato por lebre', o que é mau para um setor de atividade que pode fazer muito bem", declarou à Lusa o secretário-geral da ÂNIMAS, Abílio Leite.

"Em Portugal, só a Escola de Cães-Guia da Beira Aguieira e a ÂNIMAS é que são reconhecidas a nível internacional no que se refere a cães de assistência, mas, no que respeita às Intervenções Assistidas [por duplas homem-cão, em ações terapêuticas ou educacionais], como não há qualquer tipo de legislação, qualquer um diz que as sabe realizar", alertou o mesmo responsável.

Abílio Leite reconheceu que "as listas de espera têm números assustadores", mas defendeu que uma regulamentação mais rigorosa é essencial para assegurar a "imperiosa educação" dos animais que prestam apoio a seres humanos e, por consequência, a qualidade de vida desses beneficiários. "É preciso ter noção de que estamos a colocar a vida de uma pessoa ao cuidado de um cão e que, se o trabalho não for feito de um modo responsável e com ética, as consequências poderão ser desastrosas", explicou.

A ÂNIMAS argumenta, por isso, que a legislação deve ter em conta as especificidades das diferentes categorias de animais de ajuda social, que se subdividem em cães de assistência, cães de intervenção assistida por animais (numa distinção em relação a outras espécies utilizadas em terapia, como os cavalos) e cães de apoio emocional.

No primeiro caso, estão em causa sobretudo cães-guia, cães de serviço e cães para surdos, cujo treino custa mais de 20.000 euros e os prepara individualmente para realizarem tarefas que aumentem a autonomia e a funcionalidade da pessoa com deficiência sensorial, mental, orgânica ou motora que vão apoiar.

Os cães de intervenção assistida, por sua vez, atuam sempre em dupla com um humano, "por sessões e com diferentes pessoas", maioritariamente em processos de diagnóstico, terapia e reabilitação, mas também em trabalhos de educação e mesmo em atividades de animação recreativa.

Já os cães de apoio emocional, "não passam por um processo educativo tão exigente quanto o dos cães de assistência", mas ajudam em crises de ansiedade, por exemplo, e contam com os mesmos direitos que os de um cão de companhia.

No congresso de 25 e 26 de novembro, a ÂNIMAS pretende "promover o debate entre todos os intervenientes nesses processos", envolvendo na discussão desde o meio universitário até à comunidade de beneficiários desses animais, passando por terapeutas, técnicos e educadores caninos.

"Este debate é fundamental para se alinhar posições e se definir caminhos que visem melhorar a qualidade de vida das pessoas que necessitam destes animais", concluiu Abílio Leite.


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