Açoriano Oriental
Amnistia Internacional apela ao fim da pena de morte no Irão após nova execução

A Amnistia Internacional apelou ao fim das sentenças de morte no Irão e identificou 20 pessoas em risco de execução, após um segundo detido numa onda de protestos antigovernamentais ter sido executado na praça pública.

Amnistia Internacional apela ao fim da pena de morte no Irão após nova execução

Autor: Lusa/AO Online

"Instamos a comunidade internacional a tomar todas as medidas necessárias para pressionar as autoridades iranianas a pôr fim às execuções e anular as sentenças de morte", disse Diane Eltahawy, diretora adjunta da Amnistia Internacional para o Médio Oriente e Norte de África.

O Irão executou, na segunda-feira, o segundo detido numa onda de protestos antigovernamentais, Majidreza Rahnavard, acusado de esfaquear até à morte dois membros das forças de segurança e ferido quatro, no dia 17 de novembro, em Mashhad, no nordeste do país.

"A Amnistia Internacional insta ainda todos os Estados a exercerem jurisdição universal sobre todos os funcionários razoavelmente suspeitos de responsabilidade criminal por crimes de direito internacional e outras violações dos direitos humanos", diz Eltahawy.

 "A execução arbitrária de Rahnavard, menos de duas semanas após a sua única audiência em tribunal, revela a extensão da agressão das autoridades iranianas ao direito à vida e o seu desrespeito por manterem sequer uma fachada de processos judiciais significativos", refere Eltahawy.

O julgamento de Rahnavard consistiu em apenas uma sessão perante um "Tribunal Revolucionário" em Mashhad, província de Khorasan-e Razavi, a 29 de novembro, onde foi acusado de "inimizade contra Deus" (moharebeh).

Antes da sua sessão no tribunal, os meios de comunicação social estatais transmitiram vídeos do Rahnavard a fazer "confissões" forçadas, onde se via o seu braço esquerdo fortemente enfaixado, levantando sérias preocupações pelo facto de ter sido sujeito a tortura.

A Amnistia Internacional identificou 20 pessoas em risco de execução em ligação com os protestos, entre elas 11 indivíduos condenados à morte, três indivíduos que foram submetidos a julgamentos e que estão em risco de serem condenados ou podem já ter sido condenados à pena capital, e identificou também seis indivíduos que podem estar à espera ou a ser julgados sob acusação idêntica.

Milhares de pessoas foram presas e indiciadas, o que suscita o receio de que muito mais pessoas possam enfrentar a pena de morte devido a protestos.

O procurador-geral de Teerão, Ali Alqasi Mehr, decretou hoje sentenças de prisão contra 400 "desordeiros", dos quais 160 foram condenados a penas entre 5 e 10 anos de prisão; 80 a entre 2 e 5 cinco anos e outros 160 a até 2 anos de encarceramento, segundo a agência oficial IRNA.

Mehr também indicou que outras 70 pessoas foram condenadas a pagar multas, embora não tenha explicado o valor.

Os protestos foram desencadeados pela morte da jovem curda Mahsa Amini, em meados de setembro, sob detenção pela chamada 'Polícia da Moralidade' devido a uso incorreto do véu islâmico.


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