Açoriano Oriental
Alunos usam arte para combater o bullying

Alunos da EB1/JI Madre Teresa D’Anunciada participaram em projeto que utiliza a arte como ferramenta para prevenir a discriminação e a violência escolar. Resultado será apresentado numa exposição no Arquipélago - Centro de Artes Contemporâneas

Alunos usam arte para combater o bullying

Autor: Ana Carvalho Melo

Os alunos da Escola Básica e Jardim de Infância Madre Teresa D’Anunciada, tutelada pela Escola Básica Integrada de Ribeira Grande, foram desafiados a participar no projeto “Dá Um Passo e Abraça a Diferença”, que visa, através da arte, promover competências que possibilitem prevenir situações de discriminação e de violência escolar. As obras resultantes deste projeto serão expostas no Arquipélago - Centro de Artes Contemporâneas, numa exposição que será apresentada ao público a 1 de abril.

“Nós sabemos que a agressão é um problema universal e uma questão de saúde pública, pelo que são necessárias um conjunto de ações sistémicas que visem reduzir a agressão em contexto escolar e, daí, a necessidade de desenvolver este projeto, que envolveu toda a escola”, explica ao Açoriano Oriental Nelson Pereira, que, juntamente com a artista Cristina Da Silva, coordena o projeto.

“Entre os seis e os dez anos já se registam fenómenos de bullying, pelo que faz todo o sentido que se comece a trabalhar esta problemática desde tenra idade, de modo a podermos reduzir as probabilidades de ocorrência de ações de bullying e a dar aos alunos ferramentas para que as suas relações, a médio e longo prazo, possam ser mais funcionais, consentâneas com os direitos humanos, abraçando, compreendendo e tolerando a diferença”, acrescenta.

Assim, ao longo do ano letivo de 2024/25, e norteado pelos objetivos que emergem da Estratégia de Educação para a Cidadania, foi desenvolvido, junto de crianças que frequentam a educação pré-escolar e o 1.º ciclo do ensino básico, um trabalho que “se socorre das distintas e complementares expressões artísticas, a fim de prevenir e sensibilizar a comunidade para a necessidade de combatermos a manifestação de diversos tipos de violência escolar (verbal, física e social)”. O objetivo é reduzir as probabilidades de ocorrência de episódios de bullying ou de ciberbullying, a curto e a longo prazo, que se diferenciam, obviamente, das situações pontuais de agressão física e/ou verbal.

“Todas as obras realizadas pelos alunos expressam a necessidade de reduzirmos a violência e termos relações interpessoais mais funcionais, assim como apelam à necessidade de estarmos atentos a esta problemática”, realça o professor.

Cristina Da Silva, que já trabalhou no Canadá com crianças durante cinco anos, explica como esta prática do uso da arte para a promoção de uma cultura de respeito, tolerância e convívio saudável com a diversidade garantiu uma nova abordagem às crianças sobre as suas vivências e sentimentos.

“Quando vim para os Açores, tentei introduzir cá este programa, de modo a dar às crianças a capacidade de explorar a diferença entre bullying e outros tipos de violência, bem como a possibilidade de perceberem o impacto do bullying. Neste contexto, fizemos diferentes peças de arte”, revela.

Do trabalho desenvolvido ao longo do citado ano letivo resultou a exposição intitulada “Dá Um Passo e Abraça a Diferença”, que apresentará obras de arte que tentam descrever algumas das consequências associadas ao bullying, tais como tristeza, baixa autoestima, isolamento, solidão e inibição, entre outras. Mas também incluirá peças coloridas que refletem a alegria e a amizade. Outras, ainda, simbolizam a indiferença e a necessidade de “quebrar” o silêncio perante casos de violência pontual ou na presença de comportamentos agressivos contínuos e intencionais.

Entre os diversos trabalhos desenvolvidos, Cristina Da Silva destaca um “raio-x”, no qual os alunos apresentam os seus próprios sentimentos ou pensamentos. Ainda no âmbito desta exposição, será apresentada uma canção original, elaborada para o efeito, e um vídeo demonstrativo de todo o processo conjunto de criação.

Serão também divulgados diversos exemplos de colaboração, como a elaboração de “um banco da amizade” e a realização de pulseiras anti-violência para toda a comunidade escolar.

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