Autor: Lusa/AO Online
O secretário dos Transportes norte-americano, Sean Duffy, indicou que o plano prevê seis novos centros de controlo do tráfego aéreo, bem como uma série de atualizações tecnológicas e de comunicações em todas as instalações de tráfego aéreo do país, nos próximos três ou quatro anos.
"Usamos radares da década de 1970 (...) O sistema que temos aqui? Não vale a pena salvá-lo. Não preciso de preservar nada disto. É demasiado antigo", disse Duffy, salientando que o controlo de tráfego no país depende ainda de disquetes e peças vendidas on-line.
A proposta prevê a instalação de tecnologia de fibra ótica, sem fios ou por satélite em mais de 4.600 locais, a substituição de 618 radares e mais do que quadruplicar o número de aeroportos com sistemas concebidos para reduzir os acidentes nas pistas.
Sobre o custo da modernização, Duffy disse que vai trabalhar com o Congresso sobre os pormenores, adiantando que serão "muitos milhares de milhões" de dólares.
O Comité de Transportes e Infra-estruturas da Câmara dos Representantes orçamentou, na semana passada, 12,5 mil milhões de dólares (11,1 mil milhões de euros) para a revisão do sistema, mas essa estimativa foi feita antes de o Departamento de Transportes ter revelado o seu plano e Duffy disse que o preço final será mais alto.
O plano prevê que tudo esteja concluído até 2028 - embora Duffy tenha dito que pode levar mais um ano.
As exigências de reparação do sistema envelhecido que gere mais de 45.000 voos diários aumentaram desde a colisão no ar, em janeiro, entre um helicóptero do Exército e um avião comercial, que matou 67 pessoas nos céus da capital, Washington, D.C.
Esse acidente demonstrou, juntamente com uma série de outros casos, a necessidade imediata de atualizações, disse Duffy.
O Presidente, Donald Trump, disse hoje que o plano vai revolucionar a aviação e que "o novo equipamento é inacreditável".
Após o acidente aéreo perto de Washington, Trump prometeu consertar o que chamou de "um sistema antigo e avariado" e resolver o problema da falta de controladores de tráfego aéreo em todo o país, culpando a Administração anterior de Joe Biden pela situação.
Mas, segundo a agência AP, as dificuldades em acompanhar o aumento do tráfego aéreo têm sido reconhecidas desde a década de 1990 - muito antes de Trump ou Biden tomarem posse.
Esforços de modernização desde 2003 envolveram investimentos de mais de 14 mil milhões de dólares (12,5 mil milhões de euros), mas nenhuma delas alterou drasticamente o funcionamento do sistema.
O líder democrata no Senado norte-americano, Chuck Schumer, exigiu esta semana uma investigação ao "caos" provocado pela escassez de controladores de tráfego aéreo, que afeta particularmente o aeroporto de Newark, em Nova Jérsia, onde persistem atrasos e cancelamentos de voos.
Schumer, um democrata eleito por Nova Iorque, afirmou pretender uma investigação do inspetor-geral sobre os atrasos e cancelamentos, para evitar que se agravem ou se propaguem.
No fim de semana, a United Airlines anunciou que iria cortar 35 voos diários da sua programação no aeroporto nos arredores da cidade de Nova Iorque, criticando a alegada falha da Administração Federal de Aviação em lidar com os desafios "de longa data" relacionados com o sistema de controlo de tráfego aéreo.
O CEO da United, Scott Kirby, disse numa carta aos clientes que a tecnologia utilizada para gerir o tráfego aéreo no aeroporto de Nova Jérsia falhou mais do que uma vez nos últimos dias.
Os atrasos, cancelamentos e desvios de voos causados por problemas de equipamento foram agravados quando mais de um quinto dos controladores de tráfego de Newark "abandonaram o trabalho", disse.
O secretário dos Transportes dos EUA anunciou na semana passada um programa para recrutar novos controladores e dar aos actuais incentivos para não se reformarem.
A Associação Nacional de Controladores de Tráfego Aéreo disse na altura que estas medidas poderiam ajudar a resolver a escassez de pessoal, mas também que o sistema "já precisava de atualizações tecnológicas e de infraestruturas há muito tempo".