Açoriano Oriental
Sustentabilidade do Património Cultural exige equilíbrio com turismo

A diretora-geral do Património Cultural, Paula Araújo da Silva, considerou que um dos principais desafios da sustentabilidade dos bens culturais em Portugal passa pelo desenvolvimento equilibrado do turismo.

Sustentabilidade do Património Cultural exige equilíbrio com turismo

Autor: Lusa/AO Online

“Com a globalização e com as viagens mais baratas, o turismo aumentou exponencialmente, o que tem muitas vantagens – para o caso português tem sido muitíssimo importante para o desenvolvimento económico do país –, mas também tem o seu lado negativo, que é a massificação e alguns problemas nalguns locais, porque outros ainda precisam de pessoas e de ser conhecidos”, salientou.

Paula Araújo da Silva falava aos jornalistas, à margem da sessão de abertura do VII Encontro Ibérico de Gestores de Património Mundial, que decorre até terça-feira, em Angra do Heroísmo, nos Açores, e que tem como tema os desafios da sustentabilidade.

Num encontro em que gestores portugueses e espanhóis partilham boas práticas de conservação do património, a diretora-geral defendeu que Portugal tem bons exemplos a dar.

“Evidentemente que temos situações frágeis, há situações difíceis de resolver, mas temos feito um esforço muito grande para valorizar o nosso património e para que o nosso património seja utilizado por todos nós”, frisou, acrescentando que cabe a todas as pessoas “zelar pelo património”.

Angra do Heroísmo, primeira cidade em Portugal integrada na lista de Património Mundial da Humanidade da organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), é, segundo Paula Araújo da Silva, “um bom exemplo da forma como o património está a ser cuidado” e uma das cidades que ainda tem espaço para “ter mais turismo que ajude a desenvolver a economia”.

Questionada sobre as exigências da manutenção da Fortaleza de São João Baptista, construída pelos espanhóis, em Angra, entre o final do século XVI e o início do século XVII, a diretora-geral do Património Cultural propôs uma candidatura a fundos europeus.

“A questão das fortalezas é uma questão importante e difícil, que existe a nível nacional. As fortalezas perderam a sua função, já não têm essa função de salvaguarda da defesa, e quando se perde a função, o património fica fragilizado e essa função não pode ser reposta, porque já não se justifica estar um canhão e uma pessoa à frente do canhão à espera que chegue o barco com os piratas”, sublinhou, alegando que é preciso encontrar uma nova função que não prejudique o património e garanta a sustentabilidade do bem.

Para a diretora regional da Cultura dos Açores, Susana Goulart Costa, a sustentabilidade dos bens culturais é precisamente “o grande desafio do século XXI”.

“Um dos grandes esforços que nós temos é, em primeiro lugar, fazer um diagnóstico, tentar perceber exatamente quais são as fragilidades dos edifícios que nós temos e ter duas questões: por um lado uma sustentabilidade financeira para a sua manutenção e, por outro, uma reabilitação que consiga fazer este diálogo, que às vezes não é fácil, entre a antiguidade, a conservação, aquilo que nós herdámos, mas também as exigências do conforto do quotidiano”, adiantou.

Susana Goulart Costa salientou, por outro lado, a vulnerabilidade dos Açores às alterações climáticas, dando como exemplo a recente passagem do furação “Lorenzo” pelo arquipélago.

“Temos de ter uma gestão de preparação, temos de perceber quais são os eixos de prevenção que temos de acautelar para, em primeiro lugar, proteger as vidas humanas e, na área da UNESCO, a questão das vidas humanas também está muito ligada à proteção do património classificado ou de interesse municipal”, apontou.

Já a subdiretora geral da Proteção do Património Histórico de Espanha, Elisa de Cabo de Vega, considerou que Portugal é um exemplo na divulgação do património.

“Podemos ter muitos sítios Património Mundial, mas se não o comunicarmos, é como não se não os tivéssemos”, frisou, dando como bom exemplo as referências à integração de Angra do Heroísmo na lista da UNESCO, que encontrou logo à chegada à ilha Terceira no aeroporto.



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