“Só com trabalho e resultados é possível recuperar confiança”

Luís Pimentel - Presidente do Grupo Desportivo Comercial



Depois de um 2024 atípico, 2025 foi o ano em que o Grupo Desportivo Comercial (GDC) começou a reerguer-se?

Sem dúvida. 2024 foi um ano difícil para o GDC, devido à não realização dos ralis, pelas razões que todos conhecemos, o que teve um impacto direto na atividade do clube e na sua estabilidade. Em 2025 conseguimos devolver atividade ao clube, cumprir compromissos e, acima de tudo, voltar a colocar o GDC no centro da dinâmica desportiva regional, mas ainda temos um longo caminho a percorrer até à total consolidação do clube.

Que balanço faz à atividade desenvolvida pelo GDC desde o momento em que foi eleito presidente da direção, no último mês de janeiro?

O balanço é positivo, sobretudo tendo em conta o ponto de partida. Encontrámos um clube fragilizado, com dificuldades financeiras e institucionais, e foi necessário agir com responsabilidade desde o primeiro momento. Conseguimos reorganizar o funcionamento do GDC, realizar eventos desportivos, cumprir com as nossas obrigações e iniciar um processo de recuperação da credibilidade junto dos sócios, pilotos, parceiros e entidades oficiais. Foi um ano de reconstrução, feito com prudência e realismo.

Quais foram as principais dificuldades encontradas nesse percurso: a desconfiança que reinava em redor da capacidade do GDC se conseguir reerguer ou as dificuldades de financiamento dos três eventos promovidos?

Ambos foram desafios importantes. A desconfiança inicial foi talvez a mais difícil de ultrapassar, porque só com trabalho consistente e resultados concretos é possível recuperar a confiança. Ao nível do financiamento, organizámos três eventos com grande rigor orçamental, num contexto de custos elevados e exigência crescente, sempre com a preocupação de não agravar a situação financeira do clube.

Haviam dois grandes objetivos para o ano de 2025: colocar o Rallye Capital do Queijo e das Fajãs no Campeonato dos Açores de Ralis (CAR) e recolocar o Azores Rallye no Campeonato de Portugal de Ralis (CPR). O primeiro desiderato foi alcançado, o segundo não. O que é que falhou?

No caso do Rallye Capital do Queijo e das Fajãs, foi um trabalho muito bem conseguido em parceria com os municípios de Velas e da Calheta, que permitiu cumprir todos os critérios desportivos e organizativos exigidos para a integração no CAR.

Relativamente ao Azores Rallye,optámos por não avançar com a candidatura ao CPR em 2026 porque já sabíamos que, sem garantias de sustentabilidade, não iríamos conseguir integrar o CPR e porque não queríamos colocar novamente o clube em risco. Foi uma decisão responsável, pois manter a candidatura sabendo que não iria ser possível integrar o CPR seria uma gestão muito errada, numa altura em que todos os euros contam.

No próximo ano o Azores Rallye volta a realizar-se em maio e a prova volta, novamente, a ser candidata ao CPR. Porquê?

Porque acreditamos que o Azores Rallye reúne todas as condições para regressar ao CPR em 2027. A escolha do mês de maio é estratégica, por ser mais favorável do ponto de vista climatérico, logístico e de enquadramento no calendário nacional.

Em 2026 iremos apresentar à Direção Regional do Turismo (DRT) uma candidatura sólida e financeiramente estruturada com vista à edição de 2027, esperando que nesse ano seja novamente possível contar com o apoio da DRT àquela que é a mais emblemática prova desportiva dos Açores. Com o apoio dos municípios de São Miguel e de parceiros privados, como a Auto Açoreana, para garantir que o regresso ao CPR seja feito de forma sustentada, responsável e continuada, salvaguardando sempre a estabilidade do GDC.

O CAR passa a ter nove provas em 2026 e, olhando ao calendário, verificam-se várias mudanças. Foi fácil chegar, entre os clubes e a FPAK, a um acordo para este calendário?
Foi um processo fácil e construtivo. Houve diálogo, cedências de parte a parte e um esforço claro da FPAK e dos clubes em criar um campeonato mais equilibrado e atrativo. O aumento para nove provas traz novos desafios logísticos e financeiros, mas também mais competitividade e maior visibilidade para os ralis nos Açores.

Quais são os desafios que o GDC vai ter de superar em 2026?

O grande desafio passa por consolidar o trabalho iniciado em 2025. Isso implica continuar a recuperar financeiramente o clube, reforçar parcerias institucionais e privadas, profissionalizar ainda mais a organização dos eventos e garantir que cada prova organizada pelo GDC mantém elevados padrões de qualidade, segurança e rigor. Só assim será possível assegurar um crescimento sustentado e devolver ao GDC o lugar que historicamente sempre teve no desporto automóvel açoriano.







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