Autor: AO Online
Que livro ou livros tem atualmente na mesa de cabeceira ? Qual o seu género literário preferido?
Tenho
sempre uma pilha de livros físicos à cabeceira. Nos últimos anos tenho
sobretudo lido não-ficção: ensaios sobre as causas e consequências das
catástrofes climática, ecológica e social em curso (leituras deprimentes
mas necessárias) e sobre as alternativas de intervenção política (o que
me dá energia e ideias de ação). Como ando em viagem, neste momento à
cabeceira só tenho “Money”, de Geoffrey Ingham. Já o li e agora estou a
fazer o resumo, uma prática que tenho quando os livros têm matéria
importante que quero reter.
Também leio poesia, e procuro a que me traz reflexões sobre a vida em sociedade e sobre a relação com a natureza.
Que série televisiva anda a ver? Porquê?
Vejo muito pouca televisão, e nunca vejo séries. Se não estou a aprender qualquer coisa sinto que estou a perder tempo.
Qual o filme da sua vida?
Não
tenho. A minha vida foi marcada por livros, não por filmes. Era um
leitor voraz mas desacompanhado, em miúdo. Na minha adolescência
religiosa cheguei a acreditar que a Bíblia era o livro da minha vida.
Agora sei que o livro da minha vida é o próximo que vou ler e vai fazer
aquele clique e encaixar várias peças dos meus puzzles mentais.
Que música não lhe sai da cabeça?
Nenhuma em especial. Assobio e trauteio muito, mas vario o reportório.
Banda ou músico preferido?
Gosto de jazz. Dou por mim muitas vezes a ouvir Pink Martini.
Como ocupa os seus tempos livres?
A ler e em atividades familiares. Leio sempre que posso e onde posso. Uma das coisas boas dos livros eletrónicos é a função de leitura automática, que nos permite “ler” enquanto lavamos a loiça ou damos um passeio. Já quanto à família, qualquer atividade é boa para estarmos juntos.
É adepto de atividade física, por gosto ou por obrigação ?
Gosto de ter uma vida fisicamente ativa. Para além de momentos específicos de preparação física, desloco-me de bicicleta sempre que posso (ver abaixo), nado no Pesqueiro à hora de almoço, e entretenho-me no meu mini-micro-quintal.
Qual o seu clube do coração?
Desde pequeno que
nunca percebi porque é que tantas pessoas não conseguem encarar o
desporto como um prazer. Jogar à bola na rua (no tempo em que ainda se
jogava à bola na rua) era um sofrimento não apenas por eu ser uma
nulidade, mas sobretudo pelas zangas frequentes entre os jogadores de
calções e joelhos esfolados.
Não tenho clube e, dado tudo o que já
sabemos sobre os clubes, ficaria muito contente se eles desaparecessem
na sua atual forma.
Que tipo de pessoa é ao acordar?
Acordo sempre cedo, ativo e bem disposto. Mas não contem muito comigo para serões...
Quem cozinha lá em casa?
Ultimamente sou mais eu. A minha mãe surpreende-se.
Prefere escrever com caneta ou teclado?
Escrevo sempre um primeiro rascunho a lapiseira, num caderno sem linhas, e faço a revisão quando passo para o computador. Funciona melhor com a minha mente agitada e visual.
Quem faz as compras domésticas?
Ao Mercado da Graça costumo ir eu, de bicicleta. Coisas do supermercado vou com a minha mulher, até porque não me entendo com cartões e descontos. (ou melhor, tenho objeções políticas a esses esquemas, mas não lhe digam)
Como se desloca para o trabalho?
Cada vez me faz mais
impressão a forma como a nossa paisagem e as nossas cidades e vilas são
desenhadas para os automóveis e colonizadas por eles - e de como a
dependência do carro agrava as desigualdades sociais.
Vim para os
Açores para ter qualidade de vida, e tive o privilégio de poder comprar
uma casa perto do trabalho. Vou trabalhar de bicicleta, se está bom
tempo, a pé se está a chover. É logo ali…
Gostava que todos pudessem dizer o mesmo.
Cidade que mais gostou de visitar e porquê?
Hiroshima. Marcou-me pelo que simboliza do pior da humanidade e pela consciência aguda de que pode acontecer outra vez, a qualquer momento e por razões ainda mais triviais.
Quantas vezes por dia consulta as redes sociais?
Sobretudo ao fim do dia, exceto como canais de comunicação.
Que importância dá às redes socais?
Para mim são em primeiro lugar instrumentos de comunicação. Contacto com amigos, colegas e camaradas por diferentes canais. Mas são também fonte de informação, que podemos adequar ao que nos interessa.
Qual é o seu principal defeito?
Querer dar passos maiores que a perna.
E a principal virtude?
Empatia.
O que é mais importante na sua vida?
A minha família direta, sem hesitação, começando pelos meus filhos, pela ordem natural da vida. Eles, simbolizando os filhos de todos nós, são o que me mobiliza a intervir politicamente.