Autor: Lusa
“Depois de três anos e meio de reformas corajosas, conduzidas apesar da grave crise económica e financeira mundial, eu reassumo o cargo, sob a autoridade do chefe de estado, com determinação, para uma nova etapa”, declarou François Fillon, em comunicado, logo após ter sido reconduzido.
O primeiro ato da demissão do Governo françês desenhou-se sábado à noite. Segundo os procedimentos legais, Fillon, primeiro-ministro há três anos e meio, apresentou-se no Palácio do Eliseu para apresentar a demissão a Sarkosy.
O aperto de mão caloroso entre os dois homens à saída desse encontro confortou os analistas, segundo os quais a continuação no cargo por parte de Fillon, popular na opinião pública e apoiado pela maioria de direita, tornou-se incontornável aos olhos de Sarkozy.
Na sua expressão por vezes austera, Fillon, de 56 anos, conseguiu impor o seu próprio estilo, ‘à sombra do hiperpresidente’ Sarkozy. Ele foi o primeiro, na direita, a assumir pôr mãos à obra na aplicação de uma política de rigor económico.
O novo Governo deverá ser composto por 26 elementos (ministros e secretários de Estado), contra os atuais 37, segundo fontes governamentais citadas pela agência France Presse.
Para o chefe de Estado, em plena crise de confiança com o povo francês depois da adoção à força de uma dolorosa reforma no sistema de pensões, esta recondução representa um novo fôlego, a um ano e meio do fim do mandato.
Fruto do reconhecimento conseguido junto dos seus pares estrangeiros, Christine Lagarde procura manter-se no Ministério da Economia, mas é igualmente citada para os Negócios Estrangeiros, depois de a França ter assumido sexta-feira a presidência anual do G20, em plena ‘guerra das moedas’.
De acordo com a France Presse, é quase certo que o antigo primeiro-ministro Alain Joupé entrará no Governo, designadamente para a pasta da Defesa.
À esquerda, a oposição estimava que a política de Nicolas Sarkozy não mudará.
“Ele tem a indecência de fazer crer que as coisas vão mudar. A política será sempre a de Nicolas Sarkozy”, declarou o líder dos deputados socialistas franceses, Jean-Marc Ayrault.
“É o episódio 125 do folhetim. Aguardamos o episódio 126. É uma história com tantos episódios que já perdemos a noção do que é o Governo, do que é ter uma estratégia política com um primeiro-ministro a liderar”, ironizou por seu lado a dirigente ecologista Cécile Duflot.