“Isso não é verdade. Houve uma troca de opiniões. Algumas coisas foram aceites e outras rejeitadas”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, durante a conferência de imprensa telefónica diária.
“É um processo normal de procura de compromissos”, afirmou, citado pela agência de notícias espanhola EFE.
Peskov assegurou que a Rússia está disposta a reunir-se com representantes dos Estados Unidos “as vezes que forem necessárias para alcançar um acordo pacífico”.
O porta-voz do Kremlin agradeceu ao Presidente Donald Trump a vontade política em continuar a procurar uma solução para a guerra na Ucrânia, desencadeada pela invasão russa de fevereiro de 2022.
Putin esteve reunido com Witkoff durante cinco horas no Kremlin na terça-feira, mas a presidência russa informou no final que não foi alcançado um acordo.
“Por enquanto, não alcançámos um compromisso”, afirmou o assessor de política internacional do Kremlin, Yuri Ushakov, que também participou nas conversações.
Ushakov disse que “várias propostas norte-americanas são mais ou menos aceitáveis”.
“Podem ser discutidas”, assegurou Ushakov à imprensa russa.
Segundo Ushakov, as posições de ambas as partes “não estão mais longe” do que antes do encontro de terça-feira.
“A reunião foi muito útil, construtiva e substancial. (...) Mas ainda há muito trabalho a fazer, tanto em Washington como em Moscovo”, disse o conselheiro de Putin para política internacional.
Ushakov referiu que foi abordada, em particular, a questão territorial, relativamente à qual Moscovo exige a retirada incondicional da Ucrânia do Donbass.
Trata-se da zona no leste da Ucrânia que engloba as regiões de Donetsk e Lugansk, declaradas como anexadas por Moscovo.
“Abordámos em concreto o problema territorial, sem o qual nós não vemos uma solução para a crise”, referiu.
Ushakov destacou que Putin e os interlocutores norte-americanos analisaram o plano original de Trump com o objetivo de alcançar “um acordo duradouro” e outros quatro documentos que Witkoff entregou à parte russa durante o encontro.
Os Estados Unidos apresentaram há 11 dias um primeiro projeto de 28 pontos considerado muito favorável a Moscovo, redigido sem Kiev e os aliados europeus.
O plano previa, entre outras questões, o reconhecimento da soberania russa no Donbass e na Crimeia, anexada em 2014.
Previa também a redução do exército ucraniano para 600.000 efetivos, menos 200.000 do que atualmente, e a renúncia da Ucrânia à adesão à NATO, inscrita na Constituição do país.
O plano foi alterado substancialmente após reuniões de Washington com ucranianos e europeus.
A proposta foi de novo trabalhada a nível bilateral no domingo, na Florida, entre delegações presididas pelo chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Marco Rubio, e pelo negociador ucraniano Rustem Umerov.
