Autor: Lusa/AO Online
“O PSD em 2005 atingiu o auge, caiu um bocadinho em 2009 e, depois, deu um trambolhão de todo o tamanho em 2013 e 2017. Se o PSD em 2021, nas próximas eleições autárquicas, não inverte claramente este ciclo, o PSD começa a ficar numa situação muito difícil em termos daquilo que é a sua implantação real na sociedade portuguesa”, afirmou Rui Rio, numa sessão de esclarecimento com militantes, em Viseu.
Rio referiu que, em 2013, o PSD “perdeu muitas presidências de câmara”, mas, em 2017, “o que foi mais marcante nem foi tanto o de perder presidentes de câmara”, mas, sim, o de perder “muitos vereadores e isso é um elemento muito importante” e, “em algumas circunstâncias, ainda mais grave, porque se perde o poder nas autarquias”.
“Se o PSD não recupera desta situação, o PSD corre o risco de, efetivamente, ver muito diminuída aquela que é a sua real implementação no terreno, que é dificílima depois de subir. Ninguém acredita, a não ser por demagogia, que em 2021 vamos conseguir subir para o patamar que estávamos em 2005. É impossível (..), mas é bom que se consiga subir”, declarou, insistindo na necessidade de “eleger muitos vereadores”.
Falando para cerca de 200 militantes do distrito de Viseu, o candidato apresentou as principais diretivas para os próximos dois anos na eventualidade de ser reeleito: as eleições autárquicas de 2021, a abertura do partido à sociedade e uma oposição credível ao Governo.
No seu entender, “não há ninguém que faça tudo bem, nem tudo mal e, por isso, é óbvio que qualquer pessoa minimamente sensata e equilibrada tem de fazer uma oposição credível e não do bota-abaixo, só porque sim”.
“Compete-nos a nós construir a credibilidade junto das pessoas e aquilo que fizemos nos últimos dois anos não foi isso, porque obviamente que um partido que está sempre em convulsões, sempre no bota-abaixo, sempre a destruir a sua direção nacional, sempre a tentar atirar com o líder abaixo é um partido que, perante a sociedade portuguesa, não oferece confiança”, considerou.
Segundo Rui Rio, “cada vez que os portugueses falam de partidos políticos, falam em tom crítico e de afastamento” e a taxa de abstenção em crescimento “é o sintoma do divórcio” existente entre os partidos políticos e a sociedade portuguesa.
“Ou nós alteramos isto ou continua latente o perigo de os partidos tradicionais desaparecerem ou tornarem-se irrelevantes e os novos partidos crescerem e terem muito mais força. Ou temos capacidade de inverter isto ou então o resultado de 06 de outubro [eleições legislativas] é um epifenómeno que acaba rapidamente”, disse.
Para este desafio, Rui Rio pediu sugestões apesar de continuar a defender o Conselho Estratégico Nacional, que “parou em julho e com as eleições de outubro não voltou a funcionar”, mas que quer “ativar novamente caso seja eleito de forma a atrair profissionais da sociedade para o debate no partido e, com isso, levá-los a serem militantes”.
As eleições diretas do PSD realizam-se em 11 de janeiro. São candidatos à liderança o atual presidente do PSD, Rui Rio, o antigo líder parlamentar do PSD Luís Montenegro e o atual vice-presidente da Câmara de Cascais, Miguel Pinto Luz.