Autor: Carolina Moreira
“Vim com a minha família para os Açores logo no início de março e, estando em quarentena, comecei a desenvolver vários guiões. Desde a minha casa na Achada do Nordeste, encontrei a tranquilidade que raramente disponho e acabei por dedicar bastante tempo a investigar e a trabalhar cada uma das histórias”, conta.
Segundo o micaelense, por mero acaso, a Netflix lançou um concurso de guiões de séries de ficção em parceria com o ICA e foi aí decidiu concorrer.
“Como já estava
com a mão na massa, pareceu-me uma oportunidade que tinha que
aproveitar, também porque me obrigava a um ‘deadline’, o que é muito
útil em projetos pessoais. Escolhi uma história e ‘Rabo de Peixe’ passou
de uma folha de rascunho, para uma página em branco do Final Draft, o
programa que uso para escrever”, explica.
Depois de escrever a
primeira versão do argumento, Augusto Fraga juntou-se a Marcos Castiel e
André Szankowski para desenvolver a história centrada na vila
micaelense.
“Começámos a trabalhar a estrutura, os diálogos, o ritmo e
a profundidade das personagens. A versão que entregámos para o concurso
foi a vigésima primeira do guião, terminada na noite antes do fim do
prazo. Uns dias depois, o ICA revelou que tinham recebido mais de 1200
candidaturas e aí perdemos a esperança. Não somos propriamente
guionistas e o facto de serem escolhidos apenas cinco guiões lançou a
nossa esperança para mínimos”, afirma.
No entanto, o realizador
conseguiu ser um dos premiados, passando agora o sonho por transformar o
guião numa série de ficção para a plataforma de ‘streaming’.
“Vamos
dedicar todos os recursos para que isso aconteça. Junto da Netflix,
vamos perceber qual será a melhor forma de a tornar real, naquela que
será, acredito, a série mais surpreendente alguma vez feita em
Portugal”, salienta, apesar de querer manter os pormenores de “Rabo de
Peixe” em segredo.
“O guião, cujos pormenores preferimos manter ainda secretos, tem como cenário principal essa vila de São Miguel, sendo uma série de ação dramática com toques de surrealismo e humor negro”, desvenda.
Segundo o criativo, responsável por várias campanhas reconhecidas no mercado nacional e internacional, o futuro passa por continuar a realizar ‘spots’ publicitários e pela escrita de ficção.
“Estou
a trabalhar em cinco projetos em paralelo, um deles uma grande história
açoriana, ainda em fase de guião. Também estou focado numa grande
produção americana de uma longa metragem. Mas, neste momento, a nossa
energia está em ‘Rabo de Peixe’. Vamos dedicar o prémio à criação de uma
Writer’s Room, uma sala de guionistas para desenvolver este e outros
projetos de ficção. E já estamos à procura de jovens guionistas que
queiram colaborar connosco”, salienta Augusto Fraga ao Açoriano
Oriental. ♦
Augusto Fraga trabalha com as maiores marcas internacionais
O realizador publicitário Augusto Fraga cresceu em Vila Franca do Campo e é filho da artista açoriana Maria Antónia Esteves. Estudou
Comunicação Social em Braga antes de se mudar para Barcelona e, depois,
para Nova Iorque para alargar os seus estudos em cinema.
Como
realizador de publicidade, já foi destacado pela Revista Shots em
diversas ocasiões, tendo inclusive sido nomeado para melhor realizador
publicitário em Espanha e em Portugal.
Trabalha habitualmente nos Estados Unidos, Alemanha, Itália, Canadá, China e Japão para as principais marcas internacionais Apple, Adidas, Mercedes, Asics, Coca-Cola, Playstation e Nike, dirigindo atletas como Cristiano Ronaldo, Rafael Nadal e Lionel Messi.
Recentemente, ganhou o prémio de melhor
videoclipe nos prémios Play da RTP com o projeto “Hear From You” do
artista português Branko.