Autor: LUSA/AO Online
O projeto “Reabilitação Respiratória Pediátrica em contexto de pandemia – Telecinesiterapia Respiratória e visitação domiciliária”, da equipa de enfermagem da Unidade de Saúde de Ilha de São Miguel, nos Açores, surgiu em 2020 para melhorar a acessibilidade aos programas de Reabilitação Respiratória das crianças que ficaram privadas destes cuidados, devido ao encerramento do Serviço de Cinesiterapia Respiratória do Hospital do Divino Espírito Santo (HDES), em Ponta Delgada, como consequência da pandemia.
A enfermeira Elisabete Lima, coordenadora da equipa, composta por sete elementos, explicou à agência Lusa que este trabalho de reabilitação respiratória domiciliária era feito "essencialmente com idosos ou com utentes totalmente dependentes".
"Com a pandemia, surgiram novas necessidades e iniciamos a visitação domiciliária com a implementação de programas de reabilitação respiratória na casa das crianças com risco elevado de agravamento da sua doença respiratória e consequente internamento hospitalar", explicou.
Posteriormente, com o agravamento da pandemia em São Miguel, e de modo a respeitar as indicações das autoridades de saúde, houve a necessidade de reduzir a intervenção presencial e introduzindo a telecinesiterapia respiratória, um método que consiste na realização dos exercícios respiratórios por vídeo consulta.
Elisabete Lima sublinhou que a implementação do projeto contribui para a redução das agudizações da patologia respiratória e dos internamentos hospitalares, melhorando a qualidade de vida das crianças e reduzindo custos em internamentos hospitalares.
"No ano de 2021 houve uma redução nos internamentos de crianças na ordem 75%", assinalou a enfermeira coordenadora do projeto.
O projeto abrangia em 2021 um total de 24 crianças dos concelhos de Ponta Delgada e Lagoa.
Atualmente já cuida de 35 crianças de todos os concelhos da ilha de São Miguel.
Elisabete Lima adiantou que as crianças são referenciadas pelo "pediatra do Hospital de Ponta Delgada que os acompanha em consulta externa".
"Com a implementação dos exercícios respiratórios e com os ensinos que fazemos no âmbito de toda a gestão da doença respiratória foi possível resolver os problemas respiratórias de base, o que se traduziu numa redução do número de internamentos", realçou.
Para a coordenadora do projeto o prémio agora alcançado motiva toda a equipa para "continuar a prestar estes cuidados de saúde para o bem-estar da criança e famílias, reduzindo internamentos e agudizações".
"Este reconhecimento significa que estamos no bom caminho para continuarmos a prestar este tipo de cuidados", sublinhou ainda.
O prémio Luísa Soares Branco, segunda edição, é entregue no sábado pela Associação Respira e a Linde Saúde na sessão conjunta da Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP) e da Respira, que se realiza no âmbito do 38.º Congresso da SPP, no Algarve.
O Prémio Luísa Soares Branco distingue projetos de instituições públicas ou privadas, que se destaquem na prestação de serviços e cuidados de saúde a doentes respiratórios crónicos, em especial a pessoas com Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC).