Autor: Lusa/AO Online
Em declarações à agência Lusa, o antigo piloto recorda como as coisas "eram muito mais difíceis" quando disputou a prova no circuito de Jerez de la Frontera, em Espanha, em 1998, com uma Suzuki de 500cc a dois tempos.
"Até o nome do campeonato se alterou [atualmente chama-se Mundial de MotoGP]. As motas são conceitos completamente distintos. São motas a quatro tempos, na altura eram a dois tempos. Agora a eletrónica comanda tudo", disse Felisberto Teixeira, que vê como "única semelhança é que é o topo do motociclismo mundial".
Felisberto Teixeira tinha 28 anos quando foi convidado a participar no Grande Prémio de Espanha de 500cc, a categoria rainha da altura.
Atualmente ligado ao ciclismo e à equipa W52-FC Porto, começou por disputar o Campeonato Nacional de Velocidade em motociclismo.
"Após ganhar o primeiro campeonato, fui convidado para uns testes da seleção nacional. Aí começa a minha carreira internacional", recorda.
Em 1999, disputou o Mundial de resistência, com a equipa Suzuki Shell, que acabaria por se sagrar campeã mundial um ano depois.
"Saí da equipa a meio do ano, em 1999. E estava a fazer o Mundial de Supersport, na Honda Galp", conta, tendo somado "alguns pódios", antes de ser convidado a participar no Grande Prémio de Portugal de 2000, mas na categoria intermédia, na altura reservada para as motas de 250cc a dois tempos, em que sofreu problemas mecânicos.
Passados 20 anos, Felisberto Teixeira garante que, "hoje, as motas são mais fáceis de conduzir, em grande parte devido à eletrónica".
"Hoje há controlo de tração, tudo e mais alguma coisa", frisa.
Sobre a mota de 500cc com que disputou a prova em Espanha, em 1998, recorda, em jeito de brincadeira, que "era uma coisa engraçada de se guiar".
"Eram muito difíceis. Impunham respeito porque eram muito difíceis. Daí o facto de se tornarem mais interessantes", sublinha.
O antigo piloto considera que "hoje em dia, se calhar, é mais exigente fisicamente. Em cada tempo há as suas dificuldades", aponta, sublinhando que correr com uma mota de 500cc "era o realizar de um sonho", em que "tudo acontece mais depressa e de uma forma mais bruta".
"A ideia, inicialmente, era fazer o campeonato completo. Foi uma porta que se abriu, em que o pensamento foi sempre para o ano seguinte. Era uma equipa patrocinada pela Shell Austrália. Como era piloto Shell, houve conversações e convidaram-me. Não houve seguimento porque as coisas não devem ter funcionado como esperavam. A equipa acabou por desaparecer", lamentou.
Quanto ao Grande Prémio de Portugal, da 14.ª e última prova do Mundial de MotoGP, a disputar entre sexta-feira e domingo, Felisberto Teixeira disse acreditar que Miguel Oliveira pode lutar por um lugar no pódio.
"O Miguel é um piloto que está garantidamente nos cinco melhores [do mundo]. A mota já não será má e acredito que melhore ainda mais. Vamos sonhar um bocadinho mas gostava muito de ver o Miguel lutar por uma vitória. Um pódio já era bom", concluiu.