Açoriano Oriental
Portugueses não conseguem poupar
No Dia Mundial da Poupança os portugueses queixam-se de ordenados curtos para fazer frente às despesas e de terem de se privar de alguns bens de primeira necessidade, como a comida, vendo-se obrigados a recorrer a créditos.
Portugueses não conseguem poupar

Autor: Lusa / AO online
Actualmente, os portugueses já não poupam para fazer frente a eventuais despesas surpresa, mas para conseguir subsistir durante o mês.

"Hoje em dia não se consegue poupar. Para já não há uma educação de poupança, depois a inflação e o nível de salários não permitem poupar, porque estamos a ser sempre constantemente confrontados com o marketing e nós queremos sempre as coisas que nos entram em casa", disse à Lusa Maria Luísa, de 53 anos, reformada.

Para Catarina Maria, de 72 anos, conseguir juntar "um pé-de-meia" no final do mês "é impossível".

"Não consigo ganhar para comer nem para aguentar as despesas da minha casa, quanto mais poupar! Neste mês ainda tenho a luz e o telefone para pagar porque ainda não consegui", acrescentou.

Catarina Maria, que tem um pequeno negócio perto do Centro Comercial Colombo, para além de preocupada com a sua situação, mostra-se muito descrente em relação ao futuro do país.

"Não sei o que será disto. As pessoas não compram nada e nem têm dinheiro para comprar uns ténis de 5€", lamentou.

Para conseguirem poupar, os portugueses fazem a habitual ginástica com o ordenado e privam-se de coisas que gostariam de fazer.

"Eu consigo poupar, porque não posso gastar mais do que aquilo que eu ganho, mas para isso tenho de me privar de algumas coisas. Não vou passear e uso sempre produtos mais em conta", disse Maria Pinto Ribeiro, empregada doméstica de 50 anos.

Os portugueses queixam-se de que já não conseguem "apertar mais o cinto" e que até a alimentação já está a ser prejudicada pela falta de dinheiro. Para que o ordenado seja suficiente, preferem comprar produtos mais económicos e olhar menos à qualidade, como acontece com João Marques de 79 anos.

"Para poupar tenho de me privar de certos alimentos. Muitas vezes gostava de me alimentar como deve ser e não consigo", referiu.

Para João Paulo Veiga, empresário de 53 anos, actualmente é inevitável fazer-se "uma gestão equilibrada dos recursos".

"Hoje em dia é necessário poupar em termos de tudo, água, recursos, energia, mas o mais difícil de poupar é dinheiro, por isso, todos devemos fazer uma gestão equilibrada de tudo", recomendou.

Apesar de terem consciência que o endividamento não é a melhor solução, o recurso a créditos torna-se inevitável para as pessoas quando o ordenado não consegue fazer frente a todas as despesas e o cinto não consegue ser mais apertado.

"Tive de recorrer a créditos para fazer frente às despesas. Neste momento sinto-me endividada, mas é impossível sobreviver com o ordenado que tenho", diz Elsa Fonseca.

Mostrando a sua enorme preocupação, a funcionária da Câmara Municipal de Lisboa, de 43 anos, revela que privar-se de algumas coisas tem consequências no seu humor.

"Com um ordenado de 506€ não posso fazer passeios, não posso comprar a comida que gostava e isso até influência o meu humor. A situação está muito difícil", acrescenta.

A liberalização do sector bancário, a quebra das taxas de juro e a adesão ao Euro, como moeda única são algumas das razões que os portugueses apontam para justificar a dificuldade de se fazer poupança.
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