Ciência

Português descobre "sensor" que pode ajudar a combater a obesidade

A possibilidade de conseguir que os humanos percam peso sem recorrer a intervenções cirúrgicas é admitida através de uma investigação realizada por um médico português publicada numa revista internacional da especialidade.


Com o trabalho que desenvolveu ao longo de dois anos na Universidade de Duke, nos Estados Unidos, o médico Albino Oliveira-Maia, 33 anos, conseguiu provar que existe algo semelhante a um sensor no abdómen dos ratos usados na experimentação que interfere directamente nas quantidades de açúcar (glicose) que chegam ao cérebro.

Injectando glicose na veia-porta, situada no abdómen dos animais, provou-se que o seu cérebro reagia mais ao estímulo dos açúcares, libertando mais dopamina (molécula do prazer) do que se a administração fosse feita, por exemplo, na veia jugular, como foi o caso, relatou o cientista à agência Lusa.

Fica-se assim a conhecer o mecanismo pelo qual poderá, admite-se, vir a ser possível interferir no processo de reacção do cérebro ao açúcar e, consequentemente, poder evitar a sensação de prazer proporcionada pela ingestão de alimentos que potencia a obesidade.

Albino Oliveira-Maia realça que se trata de “um pequeno passo” que ajuda a conhecer um mecanismo de funcionamento do organismo, mas até agora só testado em laboratório com ratos.

“Como sempre, a investigação biomédica é feita com base em pequenos passos” que têm que ser confirmados, salvaguarda o médico, a trabalhar actualmente na Fundação Champalimaud e no Hospital S. Francisco Xavier, também em Lisboa, onde está a fazer a especialidade (internato) em psiquiatria.

Este trabalho surge depois de outro publicado em 2008 onde o investigador conseguiu determinar que o estímulo da glicose no cérebro dos ratos acontecia à margem dos sentidos clássicos, neste caso do paladar, já que fez a experiência com ratos manipulados geneticamente de modo a perderem o sabor.

O cientista sustenta que faz sentido que exista uma espécie de sensor na veia-porta que reporte para o cérebro o aumento de açúcar no sangue - incrementando a resposta cerebral aos nutrientes que consumimos - já que é por ela que se encaminha o resultado do processo digestivo para a rede sanguínea.

O resultado da investigação do cientista português, que trabalhou entre 2005 e 2010 na Universidade de Duke, foi divulgado na publicação internacional eletrónica PLoS ONE.
PUB

Premium

A funcionar desde outubro, a Unidade de Hospitalização Domiciliária do Hospital do Divino Espírito Santo já internou 18 doentes em casa, oferecendo cuidados de nível hospitalar no domicílio, com uma equipa multidisciplinar dedicada, menor risco de infeções e quedas, maior conforto para o doente e melhor gestão das camas hospitalares