Açoriano Oriental
Perder o medo da bata branca no Pavilhão do Conhecimento e estudar para ser médico

David Costa estuda para ser médico, mas foi no Pavilhão do Conhecimento, em Lisboa, que se estreou a cuidar de "doentes", bonecos que ele e outras crianças levavam ao Hospital dos Pequeninos para "perder o medo da bata branca".

Perder o medo da bata branca no Pavilhão do Conhecimento e estudar para ser médico

Autor: AO Online/ Lusa

"Fechou-se um ciclo", afirmou à Lusa o jovem de 18 anos, estudante de Medicina da Universidade de Lisboa.

No final do ano passado, David Costa foi "médico" no Pavilhão do Conhecimento, a celebrar 20 anos. Quando era criança levou o seu peluche ao doutor do Hospital dos Pequeninos, onde os mais novos aprendem a "perder o medo da bata branca".

David perdeu-o e no ano em que iniciou o primeiro ciclo de estudos do curso de medicina esteve "do outro lado" no Hospital dos Pequeninos do pavilhão.

O Pavilhão do Conhecimento, que começou a frequentar aos 3 anos na companhia dos pais, que participavam com ele em algumas brincadeiras, "ficou no coração", tal como Catarina, a funcionária que o "convidou" para um jantar onde os comensais eram suspeitos da morte de um homem.

No jantar do "crime no museu", como se chamava a atividade noturna organizada no pavilhão, David foi Alberto Einstein, numa analogia ao génio da física Albert Einstein (1879-1955). Mas foi também, noutras atividades, construtor de uma "casa inacabada", um astronauta a "caminhar na Lua" e um ciclista a andar numa "bicicleta voadora".

Não havia fim de semana em que não punha os pés no pavilhão, no Parque das Nações. Morava ali perto, fez-se sócio, a rotina manteve-se até aos 17 anos. Como adolescente começou a interessar-se pelas experiências de laboratório e as palestras. Não esquece uma, a do neurocirurgião João Lobo Antunes, já falecido, que deu aulas na faculdade onde hoje é aluno de medicina.

"Foi sempre o local onde a ciência esteve presente e que me ajudou a perceber que o meu caminho seria a área das ciências", conta David Costa, ao descrever o Pavilhão do Conhecimento, onde vai agora com menos regularidade, mas onde tenta ir "uma vez por mês" e sempre por ocasião da Noite Europeia dos Investigadores.

Tomás Correia tem a idade do Pavilhão do Conhecimento, do qual retém, aos 20 anos, sem conseguir encontrar as palavras certas, "o cheiro característico" dos módulos expositivos.

Estuda engenharia física na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, não por acaso. A "curiosidade de conhecer as leis fundamentais do Universo" direcionou-o para esse caminho, "indiretamente" influenciado pelo Pavilhão do Conhecimento, onde assistiu a conferências, participou em 'workshops' e aprendeu "factos curiosos" em exposições "marcantes" sobre o sexo, o cérebro e o aparelho digestivo.

Começou a frequentar o pavilhão quando tinha 6 anos. A irmã, agora com 11 anos, e que também "gosta de ir", seguiu-lhe os passos.

Hoje, além de visitante, Tomás Correia é membro do Conselho Público do Pavilhão do Conhecimento, órgão consultivo criado em 2017 e onde têm assento nomes como os cientistas Alexandre Quintanilha, Sobrinho Simões e Carlos Fiolhais, a escritora e ex-ministra da Educação Isabel Alçada, a engenheira e ex-ministra da Ciência Maria da Graça Carvalho, o professor e "avô dos dinossauros" Galopim de Carvalho, o coreógrafo Rui Horta, o ilustrador Henrique Cayatte e o arquiteto Carrilho da Graça, que desenhou o edifício do pavilhão.

Nesta assembleia de cidadãos, os "eleitos" são chamados a pronunciar-se sobre os programas e metas do Pavilhão do Conhecimento e a "propor ideias, ações e estratégias".

Tomás Correia sugere como temas para futuras exposições a água, sobre a qual a direção promete uma mostra para o final de 2020, os refugiados, a segurança e a internet. Os temas "quanto mais disruptivos, melhor", acentua.

David Costa e Tomás Correia são duas das pessoas que emprestam o seu testemunho ao livro sobre os 20 anos do Pavilhão do Conhecimento - Centro Ciência Viva, que é lançado no seu aniversário, a 25 de julho.



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