Autor: LUSA/AO Online
"A Santa Catarina é uma empresa de fundamental importância para o setor produtivo e para o desenvolvimento económico e social da Concelho da Calheta, bem como para a ilha de São Jorge e para a Região no seu conjunto. Esta decisão pode abrir portas a um futuro incerto para a manutenção desta fábrica, trazendo insegurança aos seus trabalhadores, clientes e fornecedores", lê-se numa nota enviada às redações.
A 28 de outubro, o presidente do Governo dos Açores anunciou que a Fábrica de Santa Catarina, ligada à captura/transformação do atum e alvo de intervenção pública, vai passar a ser explorada por um privado, salientando que os privados dão a “garantia e o compromisso de manutenção dos postos de trabalho”.
José Manuel Boleiro referiu que o “modelo que o Governo dos Açores escolheu para garantir a continuidade do emprego, da atividade e da marca foi essa”, tratando-se de “um acordo de sucesso” pelo período de dez anos, sendo que a unidade fabril vai ser alvo de um processo de modernização.
Em 2008, o Governo Regional, liderado pelo PS, anunciou a decisão de comprar a fábrica de conservas Santa Catarina para evitar o desemprego de mais de uma centena de trabalhadores.
A fábrica, localizada em São Jorge, recuperada nos anos 90 pela Câmara Municipal da Calheta, enfrentava grandes dificuldades financeiras, possuindo atualmente 140 trabalhadores.
A fábrica de atum Santa Catarina, instalada na fajã Grande, na Calheta, foi construída em 1940.
No comunicado, o PCP/Açores adianta que o coordenador daquela estrutura, Marco Varela, se reuniu a 24 de novembro com a administração da fábrica, tendo apurado que "o desejo do Governo Regional é de iniciar um processo de concessão desta empresa a privados durante cerca de 10 anos".
Para o PCP "a concessão de uma empresa não é de todo justificável", nem mesmo sendo "temporário".
Tal, acrescentam, "não deixaria de ser um processo de transferência para o capital privado de um bem público".
O PCP alerta para o "importante papel social" da Santa Catarina, por ser "o maior empregador da ilha de São Jorge, dela dependendo um significativo número de famílias”.
Além disso, a fábrica "muito contribui para minimizar os graves problemas da falta de emprego e os decorrentes da perda de população", dizem.
"Considerando o historial negativo que existe neste tipo de opções, não existem semiprivatizações, nem muito menos privatizações condicionais", diz o partido.
O PCP lembra que, atualmente, o setor conserveiro açoriano é representado por quatro empresas: a Cofaco Açores (São Miguel), Corretora (São Miguel) e Pescatum (Terceira), pertencentes à esfera privada, e pela Santa Catarina, empresa pública sediada em São Jorge.
No entender do PCP/Açores, através da Santa Catarina, por exemplo, poder-se-ia começar "a diversificar o tipo de peixe comercializado, trabalhando outros peixes abundantes na Região como forma de combater a falta de atum".
Para o partido "existe alternativa à privatização", que passa pelo "Governo assumir a totalidade do investimento e considerá-lo isso mesmo – um investimento e não uma despesa".
"Os Açores necessitam de uma Santa Catarina pública que dê garantias para o futuro, e não de uma Santa Catarina privada com pseudo-garantias", sublinham, apontando para "um constante desnorte da ação governativa açoriana".