A Universidade dos Açores e a Direção Regional de Prevenção e Combate às Dependências assinaram um protocolo para garantir o rigor científico do novo Observatório dos Açores para as Dependências, que estará a funcionar ainda este ano e fornecerá dados específicos para apoiar estratégias locais de prevenção.
Segundo Pedro Fins, diretor regional de Prevenção e Combate às Dependências, o Observatório dos Açores para as Dependências garantirá informação específica sobre os Açores.
“Até agora, os únicos estudos e inquéritos realizados na região são provenientes do ICAD, Instituto dos Comportamentos Aditivos e das Dependências. Mas nós queremos informação local, porque, apesar dos Açores terem uma identidade cultural e científica semelhante, ao nível dos consumos, as diferenças são muito grandes, as acessibilidades são distintas e isso altera todo o cenário”, explicou ao Açoriano Oriental.
Assim, através do protocolo ontem assinado, que tem uma vigência de três anos, o Observatório irá fornecer essa informação sobre a região, em articulação com a Universidade dos Açores.
“Ou seja, vamos elaborar estudos para perceber que tipos de substâncias circulam, que comportamentos existem, que perfil de consumidor temos, de modo a ajustar toda a nossa estratégia de prevenção das dependências. Porque a nossa intervenção, apoiada numa análise realista derivada dos dados do observatório, será muito mais credível do que se recorrer apenas a dados a nível regional”, destacou.
Neste contexto, o observatório irá ajudar a ajustar as ações do Plano Regional de Combate às Dependências com base “em dados concretos”.
O diretor regional referiu ainda que, no âmbito das dependências, uma preocupação reside nas dependências sem substância, como o gaming (jogos) e o gambling (apostas).
“Os jovens estão a consumir menos álcool e a fumar menos, mas têm uma maior ligação à internet e aos jogos. Trata-se de um problema que, embora não seja tão visível como o consumo de drogas estimulantes, causa imenso sofrimento”, referiu.
Pedro Fins congratulou-se com a criminalização, em breve, da substância netil pentedrona (NEP), um estimulante que causa comportamentos agitados e agressivos, o que considera representar um grande avanço, tendo em conta que o processo levou cerca de um ano, em contraste com os quatro anos que demorou a criminalização da última substância.
Para Susana Mira Leal, reitora da Universidade dos Açores, este protocolo, para além da vertente de investigação, permitirá também a formação em contexto prático dos estudantes, através de estágios ou atividades de voluntariado, na atuação específica no combate e prevenção dos consumos aditivos e de substâncias.
A reitora sublinhou ainda que o protocolo foi assinado no dia em que a Reitoria deu início a um projeto de voluntariado jovem, em parceria com os serviços de ação social escolar.
