Açoriano Oriental
“O apoio domiciliário, neste momento, tornou-se outra realidade”

A iniciativa “Gulbenkian Cuida”, destinada a organizações da sociedade civil que cuidam de pessoas idosas, selecionou, em concurso, 69 projetos que viram reforçada a sua capacidade de resposta em tempos de pandemia. O Centro Comunitário do Espírito Santo de Vila Nova (CCESVN), na Terceira, foi uma das instituições apoiadas.


Autor: Catia Carvalho

“O apoio domiciliário, neste momento, tornou-se outra realidade”, afirma Catarina Nogueira, diretora técnica do CCESVN. A responsável pelo projeto “Estamos Contigo”, apoiado pela Fundação Calouste Gulbenkian, explica que a “finalidade principal do apoio atribuído, um montante de 20.000 euros, é expandir a resposta social do centro”, acrescentando que com o “afastamento dos familiares mais próximos e o encerramento de outras respostas sociais devido às restrições impostas pela pandemia a ação da instituição é essencial e, às vezes a única, que a população que servimos tem”.

A funcionar como instituição particular de solidariedade social desde 1995, o CCESVN tem duas valências ativas: um centro de convívio onde são desenvolvidas atividades de animação sociocultural e um núcleo de apoio domiciliário que leva serviços de higiene pessoal e alimentação a 60 idosos da freguesia. Para além destas duas áreas de intervenção, a instituição engloba, também, uma lavandaria que serve quatro freguesias do concelho da Praia da Vitória: Agualva, Lajes, São Brás e Fontinhas.

Com a pandemia, os pedidos de apoio multiplicaram-se, “recebemos muitas solicitações ao nível das refeições”, conta Catarina, acrescentando que “também houve muita gente a pedir ajuda para comprar medicação, bens alimentares ou para pagar as contas da água e luz e até levantar reformas. Os pedidos foram tantos que criámos uma equipa só para esses serviços”.

“O mais difícil”, frisa Agostinho Simões, presidente da direção do CCESVN, “foi operacionalizar o plano de contingência. Conhecia-se muito pouco o vírus e por isso tivemos dificuldades em gerir o processo”. “As recomendações da saúde emitidas pela secretaria regional da Solidariedade Social eram atualizadas diariamente, o que implica, ainda hoje, organizarmos, dia a dia, processos e metodologias”, explica.

Para além das dificuldades inerentes à gestão diária do centro, os recursos humanos e os equipamentos disponíveis revelaram-se também insuficientes, “ao ser necessário criar equipas espelho, tivemos de contratar quatro colaboradores com o apoio da Câmara Municipal da Praia da Vitória”, conta o presidente.

“Contámos ainda com a gentileza da Junta de Freguesia de Vila Nova e da Olhar Poente – Associação Desenvolvimento que nos cederam, cada uma, um funcionário. Para além disso, os equipamentos de proteção individual não só estavam esgotados no mercado como também eram vendidos a preços exorbitantes mesmo para instituições sem fins lucrativos como a nossa”.

O Fundo de Emergência Covid-19, criado em parceria com o Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, contempla uma verba de 5 milhões de euros e pretende reforçar a capacidade de resposta das organizações que prestam cuidados e serviços às pessoas mais isoladas tendo em conta o seu bem-estar e satisfação das necessidades básicas.

Nos Açores, a iniciativa “Gulbenkian Cuida” apoiou também a Santa Casa da Misericórdia de Vila Franca e a Santa Casa da Misericórdia da Ribeira Grande.


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