Autor: Lusa/AO Online
“Tratar-se-á de responder, na medida do possível, aos desafios, à ira, ao sofrimento, ao sentimento de abandono, de injustiça”, declarou Michel Barnier na cerimónia de posse, apontando entre as suas prioridades a educação, a segurança, a imigração, o trabalho e o poder de compra.
Prometeu também “dizer a verdade” sobre “a dívida financeira e ecológica” de França.
Após 60 dias de impasse, na sequência das eleições legislativas de julho, que deram origem a uma Assembleia Nacional muito fragmentada, o primeiro-ministro mais velho da V República - o sistema político em vigor em França desde 1958 -, de 73 anos, sucedeu a Gabriel Attal, de 35 anos, o mais novo.
Com uma sólida experiência tanto em França como em Bruxelas, Michel Barnier tem reputação de ser um bom mediador: foi o negociador da União Europeia (UE) durante o processo de saída do Reino Unido do bloco comunitário (‘Brexit’).
Antes disso, tinha sido várias vezes ministro desde 1993, nomeadamente durante as presidências de Jacques Chirac e de Nicolas Sarkozy.
Depois de intermináveis semanas de consultas, Macron “encarregou-o de formar um Governo de unidade” nacional, afirmando ter-se assegurado de que “o primeiro-ministro e o Governo vindouro reunirão as condições para serem o mais estáveis possível e terem a oportunidade de reunir o maior número possível de apoios”, declarou a presidência.
Mas o novo primeiro-ministro, que já está a ser contestado pela esquerda, terá de fazer-se valer de todas as suas qualidades diplomáticas para formar um Governo capaz de escapar à censura parlamentar e pôr fim à mais grave crise política da V República.
Uma missão a raiar o impossível, uma vez que ainda não surgiu nenhuma coligação viável. A Assembleia Nacional resultante das eleições legislativas de julho - convocadas após a dissolução da câmara baixa do parlamento francês, decidida pelo chefe de Estado na sequência da derrota da sua maioria nas eleições europeias - está dividida em três blocos: esquerda, centro-direita e extrema-direita.