Açoriano Oriental
Educação
"Modelo de avaliação não serve educação"
O presidente do Sindicato dos Professores da Região Açores (SPRA), Armando Dutra, contestou sexta-feira, no plenário do sindicato que teve lugar na Aula Magna da Universidade dos Açores, o modelo de avaliação dos docentes que o Governo se prepara para implementar.

Autor: João Cordeiro
“Este modelo de avaliação dos docentes não serve a educação nem os próprios professores porque não é de natureza formativa”, afirma o sindicalista, lembrando que “melhorar a qualidade do ensino deveria ser o objectivo último da avaliação, em vez de sancionar os professores, impedindo-os de progredir na carreira”.
Armando Dutra critica o facto de o novo modelo prever uma avaliação anual, que “não possibilita a realização de um diagnóstico das dificuldades do docente, para haja programas no sentido de os superar”. Em vez disso, segundo o dirigente sindical, “quando se detectarem as dificuldades, o docente é logo punido”.
Uma avaliação ao funcionamento geral da escola, que permitisse corrigir as deficiências existentes, é segundo o SPRA a prioridade. Só depois os professores deveriam ser avaliados, mas com intervalos maiores que um ano, que dêem oportunidade ao docente para criar condições que permitam superar as suas dificuldades, garantindo um melhor desempenho profissional.
Os professores não põem em causa a existência de um sistema de avaliação, mas sim a forma como o Governo o quer aplicar, que segundo o sindicalista “vai fomentar o individualismo e a conflitualidade, em vez de resolver os problemas da educação”.
Armando Dutra afirma mesmo que os governos querem fazer passar a ideia de que a avaliação é determinante para os resultados escolares dos alunos - “porque acreditam que sem uma avaliação rigorosa os professores não desempenham a sua função com responsabilidade” -, mas “os bons resultados na educação obtidos entre 2005 e 2008, que os próprios governos apregoam, demonstram que isto não é verdade, uma vez que foram alcançados sem o sistema de avaliação estar em vigor”.
Para tentar evitar que os moldes do sistema de avaliação se mantenham, a Federação Nacional dos Professores (FENPROF) vai entregar ao Governo, até ao final do ano, um documento alternativo, com o modelo de avaliação que os professores pretendem ver aplicado.

Vitória do sindicato nos Açores
Os professores que leccionam nos Açores vão recuperar os vinte e oito meses e dois dias de tempo de serviço que não foram contabilizados para efeitos de progressão na carreira docente, situação que não aconteceu em nenhuma outra região do país.
Esta é mais uma conquista dos professores, que apenas se aplica na Região, a juntar à manutenção da carreira única, à inexistência de quotas, e à manutenção da anualidade dos concursos para docentes.
O descongelamento da progressão na carreira docente vai ser efectuado em duas fases: metade do tempo vai ser reposto numa primeira fase, aquando da entrada em vigor da decisão do Governo, enquanto que os restantes catorze meses e um dia vão ser contabilizados a 1 de Setembro de 2009.
“Não conseguimos tudo de uma vez, nem na base da estrutura da carreira antiga, mas conseguimos, pelo menos, recuperar este tempo”, congratulou-se Armando Dutra.
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