Açoriano Oriental
Menina alemã salva na costa alentejana dá nome a projeto de prevenção de afogamentos
A Associação de Nadadores Salvadores do Litoral Alentejano (Resgate) decidiu dar ao seu projeto de prevenção de afogamentos o nome Zora Lutz, de uma menina alemã resgatada por banhistas na Zambujeira do Mar (Odemira), no início de outubro.
Menina alemã salva na costa alentejana dá nome a projeto de prevenção de afogamentos

Autor: Lusa / AO online

 

Após o final da época balnear, a 15 de setembro, a Resgate iniciou um programa de voluntariado na costa alentejana, para o qual se ofereceram seis jovens nadadores-salvadores do concelho de Odemira, contou hoje à agência Lusa António Mestre, o presidente da associação.

“A Resgate fornece o equipamento, que tem de andar com eles no carro”, enquanto os nadadores-salvadores têm de ter “o telefone sempre ligado” e estar disponíveis para, “ao toque do telemóvel, correr para uma praia para socorrer alguém”, explicou.

O projeto foi posto à prova pela primeira vez a 03 de outubro, quando duas crianças de nacionalidade alemã foram arrastadas pela corrente na praia da Zambujeira do Mar.

Quando dois voluntários da Resgate chegaram à praia, as crianças já tinham sido resgatadas do mar por três elementos da associação de bodyboard local, mas Zora Lutz, de 15 anos, encontrava-se inanimada.

Segundo António Mestre, os nadadores-salvadores “iniciaram imediatamente a reanimação” da menina e foi isso que “fez a diferença entre a Zora morrer e a Zora viver”.

Após cerca de meia hora de manobras de suporte básico de vida, a jovem alemã foi reanimada e transportada de helicóptero para o Hospital de Santa Maria, em Lisboa, onde esteve 12 dias em coma.

“Acreditei sempre que ela iria sobreviver e, se sobrevivesse, gostava que o nome dela ficasse associado a uma coisa boa”, disse o presidente da Resgate.

A menina recuperou e regressou com a família para a Alemanha a 17 de outubro, tendo a mãe autorizado a associação de nadadores-salvadores, que atua nos concelhos de Santiago do Cacém, Sines e Odemira, a utilizar o nome da filha no seu projeto.

Os jovens voluntários “não recebem nada em troca”, esclareceu António Mestre, sendo-lhes apenas garantida “uma justificação”, por parte da Capitania do Porto de Sines ou do município, “para que não sejam penalizados no trabalho ou nos estudos”.

“Fazemos estas coisas por missão. Muitos de nós já andaram próximos de morrer afogados, eu principalmente”, confidenciou.

O projeto Zora Lutz engloba todas as atividades que a associação desenvolve no domínio da prevenção do afogamento, como a sensibilização junto de 500 alunos do ensino pré-escolar e do primeiro ciclo da região.

“Este é um papel que deveria ser o Estado a fazê-lo, nem que fosse com uma verba para apoiar este tipo de iniciativas, mas infelizmente isso não acontece”, lamentou António Mestre.

O nadador-salvador estima que o afogamento de Zora Lutz tenha custado ao Estado português “acima dos 100 mil euros”, entre “o helicóptero, as ambulâncias, os homens, os medicamentos e o tratamento hospitalar”.

“Precisávamos de muito menos de 100 mil euros para ter uma equipa de quatro pessoas todo o ano”, disse, o que permitiria “intervir imediatamente e fazer ações de sensibilização e prevenção junto dos banhistas”.

“Se estivesse um nadador-salvador na praia ou na zona, não tinha acontecido”, assegurou, referindo-se ao afogamento da menina alemã.

“Mas somos um país reativo e não preventivo”, concluiu.

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