Autor: Lusa/AO Online
Carlos Zorrinho, líder da delegação do PS, Paulo Rangel, que foi o cabeça de lista da Aliança Portugal (PSD e CDS-PP), e Marinho e Pinto, do Partido da Terra (MPT), consideram positiva e auspiciosa a eleição de Juncker para a liderança do executivo comunitário, enquanto João Ferreira, líder da delegação comunista, e Marisa Matias, do Bloco, sustentam que o luxemburguês representa a continuidade.
Zorrinho, que deu conta do apoio da delegação do PS a Juncker, disse acreditar que "a sua eleição é um recomeço para o projeto europeu", pois o antigo primeiro-ministro luxemburguês "não é um socialista, mas é um democrata-cristão que percebeu bem o espírito do que deve ser o futuro da europa".
Segundo o líder da delegação PS, Juncker "fez um extraordinário discurso, muito estimulante e motivador", sublinhando a forte aposta no investimento tecnológico para fomentar o crescimento e emprego, assim como as preocupações em matérias de política social e combate às desigualdades.
"Eu acredito profundamente que será um recomeço para a Europa", disse.
Para Paulo Rangel, este foi "um grande dia para a Europa", sobretudo porque "Jean-Claude Juncker representa um passo na evolução democrática e constitucional da Europa", já que "finalmente os cidadãos europeus têm uma palavra a dizer na escolha de titulares de cargos na UE".
Saudando também o programa de trabalho apresentado por Juncker, "um programa de economia social de mercado, de compromisso" entre Partido Popular Europeu e Socialistas Europeus, o deputado social-democrata sublinhou no entanto o facto de hoje se ter consumado a eleição para a liderança do executivo comunitário daquele que foi o candidato apresentado pela família política vencedora das eleições europeias de maio passado (PPE).
"Operou-se hoje aqui no Parlamento Europeu uma mudança constitucional na Europa. Penso que são dias auspiciosos para a Europa, pois reforçou-se imenso a transparência e legitimidade na Europa", concluiu Rangel.
Também Marinho e Pinto, do MPT, destacou que a eleição de Juncker representa "um reforço da democraticidade da Comissão Europeia", sendo alguém que manifesta preocupações sociais e que "tem posições em matéria económica favoráveis a países da periferia, como Portugal e Grécia".
"É o resultado de compromissos que se fizeram aqui, e que penso que são positivos, apesar de tudo para o futuro da UE. Tem um discurso que é novo em muitos aspetos relativamente ao seu antecessor (Durão Barroso). Será melhor? Difícil é que era pior", afirmou.
Já para João Ferreira, do PCP, "este é um candidato proposto e apoiado pelos mesmos que propuseram e apoiaram Durão Barroso por duas vezes, portanto é um candidato da continuidade".
"É o candidato daqueles que acham que tudo correu bem nestes anos e que o caminho a seguir é o mesmo que seguimos ate aqui: uma União Europeia com milhões de desempregados, com milhões em situação de pobreza, e desigualdades gritantes entre Estados-membros", apontou, lamentando designadamente que o futuro presidente da Comissão insista "na rigidez do pacto de estabilidade".
Também Marisa Matias considera que, "no fundamental, continua uma dominação da política que temos tido ate aqui".
"Jean-Claude Juncker tem mais sentido de humor, é melhor discursivamente que o seu predecessor, mas, seja como for, acho que continuamos a política de dominação dos mercados financeiros. Apesar de haver um conjunto de declarações relativamente às questões sociais, à criação de emprego, a verdade é que de fundamental nada muda", afirmou.