A reivindicação é defendida pela Associação Portuguesa de Imprensa, Confederação Portuguesa dos Meios de Comunicação Social, Associação Portuguesa de Rádios e Rádio Renascença numa carta enviada aos deputados europeus e a que a Lusa teve hoje acesso.
Na carta, as várias entidades explicam estar preocupadas com a aprovação, quarta-feira, do Relatório Davies sobre a Estratégia da Comunidade Europeia para reduzir as emissões de CO2 dos automóveis, argumentando que o documento pode causar uma redução significativa da publicidade a carros a publicar na imprensa.
A “indústria automóvel tem-se mantido entre os cinco maiores investidores em publicidade em Portugal nos últimos cinco anos”, refere o presidente da Associação Portuguesa de Imprensa (API) na carta, defendendo que “qualquer regulamentação que desencoraje ou obrigue a perder a identidade própria da mensagem publicitária de marcas de automóveis resultará numa enorme diminuição do financiamento desta indústria”.
O chamado Relatório Davies defende que os anúncios a automóveis novos, publicados em jornais e revistas, devem incluir informação relativa ao combustível utilizado e às emissões de CO2 e propõe que, no mínimo, 20 por cento do espaço dedicado à publicidade a carros contenha avisos sobre saúde semelhantes aos que aparecem actualmente nos maços de cigarros.
Normas que, como defende a Federação Europeia de Editores de Imprensa (FAEP), podem ter consequências na escolha dos meios de promoção das marcas de automóveis.
“Os requisitos publicitários com efeitos anti-promocionais (como ser obrigado a dedicar espaço a texto não promocional) pode levar a uma redução da publicidade na imprensa. Os anunciantes podem considerar mais apropriado passar a fazer os seus anúncios na televisão, na rádio ou em outdoors”, diz a FAEP.
Apesar de o Relatório Davies não ser vinculativo, deverá inspirar a Comissão Europeia na revisão da Directiva sobre Etiquetagem, actualmente em processo legislativo, aumentando as restrições à publicidade a automóveis.
Situação que, como alerta João Palmeiro, “traduzir-se-á num atentado à liberdade de expressão (tanto editorial como comercial) e num aumento do consumo de matérias-primas necessárias à impressão e, portanto, responsáveis também por emissões de CO2”.
Classificando a situação como “absurda”, o presidente da API lembra que “Portugal tem já na sua legislação sobre publicidade automóvel determinações em relação à publicitação da eficácia dos motores e quanto às emissões de CO2”.
Além disso, adianta, “o Instituto Civil da Autodisciplina da Publicidade português é uma eficaz entidade de auto-regulação, que apoiará e monitorizará todas as decisões que a indústria automóvel possa tomar em relação às referências sobre emissões de CO2 nos anúncios”.
O sector dos automóveis representa, em média na Europa, 12 por cento das receitas publicitárias tanto das revistas como dos jornais.
Sector automóvel
Investimento em publicidade poderá diminuir com alteração da lei
Os media portugueses querem alterar um relatório do Parlamento Europeu, aprovado esta semana, que obriga os anúncios a automóveis a conter avisos sobre perigos das emissões de CO2, considerando que pode determinar uma redução do investimento publicitário.
Autor: Lusa / AO online
