Autor: Lusa/AO online
Os medicamentos em causa são os inibidores da bomba de protões (para o alívio da azia e indigestões) e os antiagregantes plaquetários (receitados para a prevenção de acidentes cardiovasculares), revelou o presidente da autoridade que regula o sector.
Em entrevista à agência Lusa, o presidente da Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde (Infarmed), Vasco Maria, manifestou-se “preocupado” com os elevados consumos destes medicamentos.
“Quando comparamos os nossos dados em Portugal com a média europeia, verificamos que em Portugal se utiliza muito mais esses medicamentos”, o que “faz supor que se estão a utilizar em excesso”, disse Vasco Maria.
As substâncias activas mais comuns destes medicamentos são o Omeprazol e o Clopidogrel.
Nos primeiros nove meses deste ano, foram vendidas nas farmácias 1.588.208 embalagens de Omeprazol, num total de 67 milhões de euros.
Este medicamento foi, nesse período, o segundo mais vendido em Portugal, representando 14,5 por cento das vendas de medicamentos em ambulatório.
Com vendas menos representativas, mas igualmente “elevadas”, segundo Vasco Maria, está o Clopidogrel que é utilizado na prevenção de acidentes cardiovasculares, principal causa de morte em Portugal.
No caso do Omeprazol, o vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia (SPG) reconheceu que se trata de um fármaco de grande prescrição.
Segundo Hermano Gouveia, isso deve-se a vários factores, a começar pelo preço deste medicamento que baixou significativamente nos últimos anos, em parte graças aos genéricos.
Por outro lado, o especialista realçou que têm aumentado os casos de doenças que precisam deste medicamento, como o refluxo gástrico.
Noutras doenças, como as do foro reumático, é utilizado para proteger o estômago dos anti-inflamatórios aconselhados para estas patologias, explicou.
Hermano Gouveia admitiu que o medicamento pode estar a ser usado em casos mais simples, como enfartamento ou dor no estômago, os quais poderiam ter outra resposta, que não necessariamente o Omeprazol.
No caso dos antiagregantes plaquetários, cuja substância activa mais usada é o Clopidogrel, o presidente da Fundação Portuguesa de Cardiologia (FPC) admitiu que poderá haver alguma “prescrição inadequada”.
No entanto, Manuel Carrageta apontou à Lusa o aumento das técnicas de intervenção cardíaca como uma das razões que poderão contribuir para uma prescrição tão elevada.
“Os hospitais prescrevem muito [o Clopidogrel] devido à cardiologia de intervenção”, uma área que está a "crescer muito" e que implica que os doentes intervencionados tomem o Clopidogrel pelo menos durante um ano.
Por outro lado, Manuel Carrageta lembrou que este é um medicamento "caro" (uma caixa de 28 comprimidos custa cerca de 60 euros) e que "qualquer pequeno aumento de venda tem reflexos imediatos”.
Sobre os riscos que a toma indevida deste fármaco pode acarretar para o doente, o presidente da FPC sublinhou que são "medicamentos muito potentes, que têm potencial para provocar hemorragias”.
O presidente do Infarmed alerta para os riscos desta situação: “Quando se toma um medicamento que não é absolutamente necessário, há sempre riscos”.
A investigação deste organismo do Ministério da Saúde pretende “colaborar com as Administrações Regionais de Saúde (ARS) e com os centros de saúde para saber o que se está a passar”.
Questionado sobre o papel dos médicos na prescrição indevida destes fármacos, Vasco Maria escusou-se a acusar os clínicos, mas ressalvou que estes são medicamentos de receita médica obrigatória.
Lusa/Fim
Em entrevista à agência Lusa, o presidente da Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde (Infarmed), Vasco Maria, manifestou-se “preocupado” com os elevados consumos destes medicamentos.
“Quando comparamos os nossos dados em Portugal com a média europeia, verificamos que em Portugal se utiliza muito mais esses medicamentos”, o que “faz supor que se estão a utilizar em excesso”, disse Vasco Maria.
As substâncias activas mais comuns destes medicamentos são o Omeprazol e o Clopidogrel.
Nos primeiros nove meses deste ano, foram vendidas nas farmácias 1.588.208 embalagens de Omeprazol, num total de 67 milhões de euros.
Este medicamento foi, nesse período, o segundo mais vendido em Portugal, representando 14,5 por cento das vendas de medicamentos em ambulatório.
Com vendas menos representativas, mas igualmente “elevadas”, segundo Vasco Maria, está o Clopidogrel que é utilizado na prevenção de acidentes cardiovasculares, principal causa de morte em Portugal.
No caso do Omeprazol, o vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia (SPG) reconheceu que se trata de um fármaco de grande prescrição.
Segundo Hermano Gouveia, isso deve-se a vários factores, a começar pelo preço deste medicamento que baixou significativamente nos últimos anos, em parte graças aos genéricos.
Por outro lado, o especialista realçou que têm aumentado os casos de doenças que precisam deste medicamento, como o refluxo gástrico.
Noutras doenças, como as do foro reumático, é utilizado para proteger o estômago dos anti-inflamatórios aconselhados para estas patologias, explicou.
Hermano Gouveia admitiu que o medicamento pode estar a ser usado em casos mais simples, como enfartamento ou dor no estômago, os quais poderiam ter outra resposta, que não necessariamente o Omeprazol.
No caso dos antiagregantes plaquetários, cuja substância activa mais usada é o Clopidogrel, o presidente da Fundação Portuguesa de Cardiologia (FPC) admitiu que poderá haver alguma “prescrição inadequada”.
No entanto, Manuel Carrageta apontou à Lusa o aumento das técnicas de intervenção cardíaca como uma das razões que poderão contribuir para uma prescrição tão elevada.
“Os hospitais prescrevem muito [o Clopidogrel] devido à cardiologia de intervenção”, uma área que está a "crescer muito" e que implica que os doentes intervencionados tomem o Clopidogrel pelo menos durante um ano.
Por outro lado, Manuel Carrageta lembrou que este é um medicamento "caro" (uma caixa de 28 comprimidos custa cerca de 60 euros) e que "qualquer pequeno aumento de venda tem reflexos imediatos”.
Sobre os riscos que a toma indevida deste fármaco pode acarretar para o doente, o presidente da FPC sublinhou que são "medicamentos muito potentes, que têm potencial para provocar hemorragias”.
O presidente do Infarmed alerta para os riscos desta situação: “Quando se toma um medicamento que não é absolutamente necessário, há sempre riscos”.
A investigação deste organismo do Ministério da Saúde pretende “colaborar com as Administrações Regionais de Saúde (ARS) e com os centros de saúde para saber o que se está a passar”.
Questionado sobre o papel dos médicos na prescrição indevida destes fármacos, Vasco Maria escusou-se a acusar os clínicos, mas ressalvou que estes são medicamentos de receita médica obrigatória.
Lusa/Fim