Açoriano Oriental
Ilhas exportam 16 mil toneladas de resíduos em três anos
A Região Autónoma dos Açores (RAA) enviou nos últimos três anos para o continente 16218 toneladas de resíduos.
Ilhas exportam 16 mil toneladas de resíduos em três anos

Autor: Olímpia Granada
Destes, entre 2004 e 2006, o papel e o cartão contribuíram com 7132 toneladas mas também foram exportados resíduos considerados perigosos, como 1477 toneladas de óleos usados.

Numa realidade arquipelágica com naturais limitações de espaço e em que se pretende preservar os ecossistemas percebe-se, assim, facilmente, a importância da gestão destes “lixos” ou resíduos -como são apelidados pelos especialistas-, dando-lhes o destino mais correcto para bem da saúde ambiental e humana que tanto pode ser a reciclagem como a destruição adequada.

Assim, percebe-se facilmente a importância do tema que vai estar em foco no próximo dia 26, em Ponta Delgada, no seminário “Visão Global de Gestão de Resíduos” em que vão intervir, nomeadamente, responsáveis de sociedades gestoras nacionais (sem fins lucrativos) e de que o Açoriano Oriental antecipa a partir de hoje o debate publicando factos e análises de protagonistas do sector.

A secretária regional do Ambiente e do Mar, que será representada na abertura do seminário pelo director regional do Ambiente, quer aumentar a exportação de resíduos apesar dos números que nos facultou.

Ana Paula Marques afirma que estes valores ”não nos envergonham a nível nacional mas, daqui a dois anos, espero que a Região esteja ao nível dos valores médios europeus” no que se refere a recolhas selectivas e respectivo encaminhamento.

“Nós partimos de um ponto baixo mas há uma grande vontade dos municípios e do Governo” frisa.

Mais de um milhão em “limpezas”
O Governo Regional procedeu nesta legislatura à limpeza de mais de 400 locais com resíduos de todo o tipo, acumulados “há cerca de trinta anos” em diferentes ilhas.

A titular do Ambiente destaca, em particular, a grande limpeza feita novamente em Santa Maria, junto ao aeroporto, porque as pessoas tornaram - enquanto não houve ecocentro - a depositar ilegalmente resíduos como pneus, electrodomésticos, óleos e baterias na zona.

Mas a maior fatia dos custos do investimento nestas operações de limpeza e recolha de passivos ambientais e que representa um total de um milhão e 200 mil euros, foi provocada pela existência de 6200 toneladas de pneus nos Açores. A maior parte está concentrada nas ilhas Terceira (englobando material oriundo da Base das Lajes) e São Miguel.

Esta mega-operação, como é apelidada por Ana Paula Marques, representa um milhão de euros, o valor do concurso que foi ganho por uma empresa do Grupo Bensaúde à qual coube a concepção do processo operacional de remoção desse passivo.

O projecto começou por São Miguel, com a limpeza dos locais junto ao aterro e a secretária prevê que, dada a quantidade, esta operação dure dois anos.

No aterro da Terceira, foram recolhidos 500 m3 de óleos que durante anos contaminaram os solos.

PSP e GNR vigiam despejos ilegais

A Secretaria Regional do Ambiente pediu às autoridades policiais, nomeadamente à PSP e ao Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente na Guarda (CEPNA, da GNR) para, em colaboração com os serviços de ilha e, no futuro, com a recém-criada Inspecção do Ambiente, se “faça uma fiscalização intensiva”. “As operações (surpresa) serão feitas nas ilhas do arquipélago onde nós sentimos que de facto é preciso fazer esse pedido”, disse Ana Paula Marques.

“Já há algumas dessas operações montadas embora, como é evidente, eu não poderei dizer quando é que se vão realizar, para que as pessoas que não estão a operar dentro da legalidade possam perceber que não há margem nenhuma para que o façam porque existem os ecocentros a funcionar em todas as ilhas”, disse a governante. Ana Paula Marques quer mesmo acabar com resíduos abandonados e acentua que embora “nem todos os ecocentros tenham ainda construção física e licenciamento terminado (mas há licenças provisórias dadas às empresas), existem períodos de recepção desses mesmos resíduos com horários divulgados e as operações decorrem com a fiscalização dos serviços” do Ambiente. Basta telefonar a marcar a entrega ou, no caso de São Miguel, para as autarquias que procedem à recolha dos chamados “monstros” para o local certo e posterior exportação para tratamento apropriado. É gratuito.
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