Autor: Lusa/AO Online
“As autoridades egípcias envolvidas nas negociações reuniram-se duas vezes com uma delegação de alto nível do Hamas liderada pelo [negociador-chefe] Khalil al-Hayya e as autoridades do Qatar para as negociações, na quarta e quinta-feira, em Doha”, disse uma das duas fontes referidas pela AFP.
As negociações “foram sérias”, mas não levaram a “nenhum progresso tangível”, afirmou a segunda fonte.
Depois de uma trégua de dois meses, Israel retomou a ofensiva na Faixa de Gaza a 18 de março com o objetivo declarado de forçar o Hamas a libertar os reféns ainda ali retidos desde o ataque realizado em território israelita pelo movimento palestiniano a 07 de outubro de 2023.
Um cessar-fogo ativo entre 19 de janeiro e 17 de março permitiu que 33 reféns israelitas abandonassem Gaza — incluindo oito mortos — em troca da libertação de cerca de 1.800 palestinianos detidos em Israel.
As negociações para pôr fim aos conflitos, mediadas pelo Egito, Qatar e Estados Unidos, não tiveram sucesso até ao momento.
Exigindo um “acordo abrangente” que ponha fim à guerra, o Hamas rejeitou uma proposta israelita de tréguas de pelo menos 45 dias, incluindo a troca de reféns israelitas por prisioneiros palestinianos e a autorização de entrada de ajuda humanitária em Gaza.
Israel exigiu o regresso de todos os reféns e a desmilitarização da Faixa de Gaza.
Na segunda-feira, o Governo israelita anunciou um plano para conquistar o enclave palestiniano, o que implicará uma deslocação em massa da população, plano que recebeu uma ampla condenação da comunidade internacional.
No entanto, um responsável das autoridades de segurança israelitas adiantou existir ainda “uma janela” para negociações que garantam a libertação dos reféns até ao final da visita do Presidente norte-americano, Donald Trump, ao Médio Oriente, prevista entre 13 e 16 de maio.
A guerra na Faixa de Gaza foi desencadeada por um ataque do Hamas ao sul de Israel, a 07 de outubro de 2023, que resultou na morte de 1.218 pessoas do lado israelita, a maioria dos quais civis, de acordo com dados oficiais.
Das 251 pessoas raptadas pelo Hamas nesse dia, 58 ainda estão detidas em Gaza, incluindo 34 declaradas mortas pelo exército israelita. O Hamas guarda também os restos mortais de um soldado israelita morto numa guerra anterior em Gaza, em 2014.
A ofensiva israelita levada a cabo em retaliação pelo ataque de 07 de outubro fez pelo menos 52.760 mortos em Gaza, a maioria dos quais também civis, segundo dados do Ministério da Saúde do Hamas, considerados fiáveis pela ONU.