Autor: Made in Açores
É a partir desta última que ganha ainda mais projeção graças ao casal Alzira e Manuel Nunes. Tal como vários jorgenses, também os ascendentes de Alzira Nunes tinham cafezeiros com o intuito de fazer café para consumo próprio.
"Comprámos terrenos, na Fajã dos Vimes, para fazer a nossa casa e já tinham vários cafezeiros, que continuámos a cuidar", recorda Alzira Nunes.
Em 1997 construíram o Café Nunes naquela fajã e como tinham stock suficiente, resolveram vender aos clientes o café que produziam. "Primeiro, tínhamos para venda o nosso e o de outras marcas porque não sabíamos bem qual seria a aceitação. Contudo, quando perguntávamos aos turistas qual eles queriam, respondiam-nos que era do nosso".
Reforçaram a área de terreno com cafezeiros por compra mas também através de uma herança deixada a Alzira Nunes. Deram o nome Café de São Jorge e registaram Café da Fajã dos Vimes.
No seu estabelecimento passou a ter para venda apenas o seu e "já há quem venha a São Jorge, de propósito, para beber do nosso café. Ainda há algumas semanas, tivemos um cliente que nos disse que estava noutra ilha e veio de manhã a São Jorge para beber o nosso café e foi-se embora à tarde".
A produção é pequena, não permite venda para outros locais. "O café em bruto é depois seco, descascado, escolhido", explica-nos a filha Dina Nunes.
Dos mais de mil quilos de grãos vermelhos de café arábico apanhados anualmente, resultam apenas cerca de 350 quilos prontos a consumir.
Embora tenham optado, para já, por não ter o certificado de produto biológico, orgulham-se do tipo de produção que fazem. "Os fertilizantes são todos da compostagem que realizamos e é tudo sem químicos", destaca Alzira Nunes que acrescenta contente: "É café da Reserva da Biosfera".
A Delta chegou a manifestar interesse na aquisição do café da família Nunes mas o negócio não avançou. “Estiveram em São Jorge e quiseram ver o café”, partilha a filha.
Foi nesse seguimento, que a própria Delta “fez a análise química aos grãos de café. O clima das fajãs é responsável pelas suas características. “Tem cafeína inferior ao normal por causa da nossa localização no globo”, diz ainda Dina Nunes. É também aqui que absorve o aroma das nêsperas e das flores de incenso que ladeiam os cafezeiros.
Os dois filhos do casal, embora tenham as suas próprias ocupações laborais, partilham deste entusiasmo e ajudam no que é possível.
Ter sucesso com o café de São Jorge foi algo que nunca havia passado pela cabeça de Alzira e Manuel Nunes mas há quase 30 anos que assim é… e esperam que continue.