Autor: Lusa/AO Online
O ministro das Finanças, Kwasi Kwarteng, que tinha previsto fazer a apresentação do seu plano fiscal apenas em 23 de novembro, fez o anúncio numa carta tornada pública pelo presidente da Comissão Parlamentar de Finanças, Mel Stride, que tinha urgido o governo a antecipar a data.
"Se isto for bem recebido pelos mercados [financeiros], a reunião do MPC [Comité Comité de Política Monetária do Banco de Inglaterra] no dia 03 de novembro pode resultar num menor aumento das taxas de juro. Crítico para milhões de titulares de créditos à habitação”, vincou Stride.
A nova data vai permitir ao Gabinete de Responsabilidade Orçamental [Office for Budget Responsibility, OBR], rever as perspetivas económicas e fiscais após o 'mini-orçamento' de 23 de setembro e finalizar o plano fiscal do governo, garantiu o ministro.
Kwarteng disse que o OBR poderá neste período "captar lançamentos de dados (…) e "permitirá a realização de um processo de previsão completo a um nível que satisfaça os requisitos legais”.
Além de um pacote para congelar os preços da energia para famílias e empresas, Kwarteng surpreendeu em setembro com cortes fiscais num valor estimado de 45.000 milhões de libras (51.000 milhões de euros) sem explicar como pretendia custear estas medidas.
O risco de um grande aumento da dívida pública levou a uma desvalorização da libra, uma subida dos juros sobre a dívida britânica e incerteza no setor imobiliário.
O Banco de Inglaterra foi forçado a intervir no mercado obrigacionista, o que ajudou a estabilizar a libra e a dívida, mas o plano do governo britânico foi criticado pelo FMI devido ao risco de agravar a inflação, e as agências Fitch e Standard and Poor's reduziram de estável para negativo o ‘rating’ do Reino Unido.
Kwarteng recuou entretanto da decisão de abolir o escalão máximo de 45% do imposto sobre os rendimentos dos contribuintes mais ricos, poupando 2.000 milhões de libras (2.300 milhões de euros) e está sob pressão do próprio partido para atualizar os subsídios sociais de acordo com a taxa de inflação.
O OBR, um organismo independente, tinha avisado em julho que o envelhecimento populacional e crises financeira, energética e pandémica arriscavam colocar as finanças públicas numa “trajetória insustentável”.
Nas previsões de março, as últimas oficiais, o OBR já tinha revisto em baixa o crescimento em 2022 para 3,8% e a taxa de inflação em alta, para 8,7%, mas o Banco de Inglaterra anteviu entretanto que a economia deverá contrair no último trimestre e a inflação disparar para 13%.