Autor: Lusa/AO Online
A 11 de setembro de 2001, dois aviões pilotados por membros da al-Qaida embateram nas "torres gémeas" do World Trade Center em Nova Iorque, matando 2753 pessoas; um terceiro aparelho chocou com o Pentágono, em Washington, causando 184 mortes; e um quarto avião despenhou-se na Pensilvânia, matando mais 40 pessoas.
Em 2003, o então vice-Presidente Dick Cheney disse numa entrevista à televisão NBC que "o 11 de setembro mudou tudo".
"Mudou a forma como pensamos nas ameaças aos Estados Unidos. Mudou a perceção das nossas vulnerabilidades. Mudou o tipo de estratégia de segurança nacional."
Num discurso perante o Congresso após os ataques, o então Presidente George W. Bush prometeu que os EUA "não vão desistir, não vão vacilar, não vão falhar" naquilo que designou como a "guerra contra o terrorismo".
Ainda em 2001, os Estados Unidos, com aliados da NATO, invadiram o Afeganistão para derrubar o regime talibã e destruir os campos da al-Qaida. Bush redefiniu as prioridades de política externa dos EUA, apontando um "eixo do mal" (Iraque, Irão e Coreia do Norte) de patrocinadores do terrorismo.
Em 2003, com o apoio de uma coligação menos ampla e perante grande contestação internacional, os EUA invadiram o Iraque e derrubaram Saddam Hussein.
Apesar da rapidez com que as forças norte-americanas derrotaram os seus adversários, tanto o Afeganistão como o Iraque continuam em estado de guerra civil e, em 2011, os EUA mantêm substanciais contingentes militares nos dois países.
A criação do campo de detenção de Guantanamo, à revelia da convenção de Genebra, as denúncias de tortura de suspeitos de terrorismo e os abusos de prisioneiros iraquianos na cadeia de Abu Ghraib lançaram nos EUA um debate sobre o ponto de equilíbrio entre a segurança e as liberdades individuais.
No plano interno, foram aprovadas leis reforçando o papel do Estado no combate ao terrorismo, particularmente os pacotes Patriot Act 1 e 2, e administração Bush instituiu o Departamento de Segurança Interna ("homeland security") - o primeiro novo ministério criado nos EUA desde 1989.
O aspeto mais visível e mais global das novas imposições de segurança terão sido as alterações no transporte aéreo. Os passageiros habituaram-se a tirar os sapatos antes de embarcar, a revistas frequentes e intrusivas e a listas de indivíduos impedidos de voar.
Essas medidas não impediram contudo novos atentados em grande escala – em Bali (2002, 202 mortos), em Madrid (2004, 191 mortos), em Londres (2005, 56 mortos), e uma grande quantidade de outras chacinas no Paquistão, no Afeganistão ou no Iraque.
No entanto, se o 11 de setembro “mudou tudo”, nem todas as mudanças globais no século XXI tiveram relação direta com os ataques.
A ascensão da China e de outras potências emergentes é um fenómeno anterior. O mesmo se passou com a crise financeira global ou as alterações climáticas.
Mesmo a “primavera árabe” que abalou uma série de regimes autoritários este ano tem relações muito ténues com os acontecimentos de 2001.
A al-Qaida, de resto, não foi protagonista das revoluções no mundo árabe e o seu líder, em fuga durante quase uma década, foi morto em maio no Paquistão por comandos norte-americanos.
A morte de Usama bin Laden pode parecer um capítulo final para o que começou em 2001. Mas o atual Presidente norte-americano não concorda. “Não há dúvida de que a al-Qaida vai continuar a tentar atacar-nos”, disse Barack Obama.