Açoriano Oriental
Estúdio 13 regressa com espetáculos do Paralelo Festival

A Blackbox do Estúdio 13 retoma sábado, dia 27 de fevereiro, a sua atividade com o espetáculo “Ide!”, uma residência artística do Paralelo - Festival de Dança. Maria João Gouveia e Catarina Medeiros falam da paragem forçada e da criação e adaptação dos projetos


Autor: Carolina Moreira

Depois de uma interrupção de vários meses, a Blackbox do Estúdio 13 - Espaço de Indústrias Criativas volta a acolher espetáculos a partir de amanhã. O espaço retoma a atividade com a peça “Ide!”, uma residência artística do Paralelo - Festival de Dança, construído com alunos do Estúdio 13 e coreografado por Luana San Bento e João Soares.
“Reabrimos agora a espetáculos com todas as normas que  foram estipuladas pela Autoridade de Saúde Regional. É uma enorme necessidade este regresso, no sentido em que tem que continuar a criação e tudo o que está associado ao palco e de uma forma presencial até porque se há normas, tal como nos outros setores, porquê não abrir?”, afirma Maria João Gouveia.

A responsável pelo Estúdio 13 relembra também que “há pessoas que dependem e que vivem disto, por isso nós temos que retomar da mesma forma que os outros estão lentamente a retomar”.

Segundo Maria João Gouveia, a Blackbox regressa com uma programação regional  e semanal anunciada até, pelo menos, ao mês de abril. “A restante está ainda a ser agendada, mas já há muita coisa em cima da mesa e, se tudo correr bem, teremos programação até julho”, frisa.

A também artista ressalva que, além do espetáculo “Ide!” que já conta com duas sessões esgotadas, “temos criações novas para apresentar que foram feitas durante este tempo de pandemia e que vão estrear durante os próximos meses”.

Maria João Gouveia fala ainda sobre a paragem forçada do setor da Cultura devido à pandemia, realçando que “tem sido muito complicado em termos de perspetivas futuras, porque nós levamos anos a trabalhar e a construir para públicos, a criar dinâmicas e, do nada, foi tudo suspenso”.

“Não temos ficado parados, porque temos continuado a criar e a construir espetáculos para, quando houvesse retoma, pudéssemos responder, mas tem sido muito difícil”, refere a artista, frisando ainda que, na sua opinião, “a passagem para os espetáculos online não é uma solução, mas sim um remendo e agora temos um grande trabalho pela frente na aproximação ao público que é algo que leva muito tempo”.

Também a responsável pelo Paralelo afirma que “é difícil enquanto artista não estar em palco”. “As pessoas acham que a cultura é um luxo quando não é, é o nosso trabalho e é importante e necessário para qualquer sociedade evoluída”, frisa.

“A nível de recursos, tendo em conta que sou formadora e artista, metade dos meus rendimentos desapareceram e é complicado programar a nossa vida com metade do ordenado”, ressalva.

Para Catarina Medeiros, uma das soluções para o setor poderia passar por “testar os artistas, principalmente no caso da dança em que as pessoas estão muito próximas e se tocam e, às vezes, há um certo receio de levar espetáculos a palco por esse motivo”. Já a hipótese de testar o público lhe parece “algo mais utópico”.

Quanto ao regresso do Paralelo - Festival de Dança, que se encontrava em suspenso desde novembro do ano passado, a também artista afirma que a solução passou por “uma programação dispersa ao longo do ano” e concentrada na Blackbox do Estúdio 13.

“Já não vamos conseguir ter um festival coeso e concentrado em determinados dias, porque tivemos que jogar com a disponibilidade dos artistas e dos espaços. Começamos amanhã com o ‘Ide!’ e damos continuidade, a 6 de março, com a Oficina da Musiquim para crianças dos seis aos 12 anos. Voltamos a 13 de março com a programação que ia decorrer em Santa Maria e temos o projeto ‘Empatia’ que foi adaptado para televisão e que, em princípio, será transmitido na RTP/Açores a 27 de março”, conta.
Já o documentário sobre a história da dança em São Miguel está a “ser reorganizado e, mais tarde, iremos anunciar a data de estreia”.

Questionada sobre os apoios da Direção Regional da Cultura ao festival, Catarina Medeiros dá conta que transitaram de 2020 para 2021, “o que é uma segurança para nós, mas por outro lado são apoios que apenas chegam depois do projeto todo estar concluído. Ou seja, talvez só no final de 2021 é que vou conseguir ter o restante do apoio e existem vários contratos por pagar e cumprir”.

Apesar disso, a artista afirma que o “importante é que todos os artistas, técnicos e produtores recebam o seu dinheiro”, tendo em conta as dificuldades que os profissionais do setor têm vindo a sentir devido à pandemia.

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