Açoriano Oriental
"Estrutura sobredimensionada" motivou redução do efetivo na SATA sob gestão de Berta Cabral
A ex-presidente do conselho de administração da SATA Air Açores Berta Cabral afirmou na sexta-feira, na comissão de inquérito ao grupo SATA, que a saída de trabalhadores durante a sua gestão se deveu à "debilidade financeira" e à "estrutura sobredimensionada".
"Estrutura sobredimensionada" motivou redução do efetivo na SATA sob gestão de Berta Cabral

Autor: Lusa

Numa sessão em que o PSD não colocou perguntas e PS, CDS e BE consideraram terem ficado questões por esclarecer, Berta Cabral, que esteve à frente da empresa entre 1994 e 1995, sublinhou que a redução do efetivo – 90 pessoas, por rescisão por mútuo acordo ou com reforma antecipada - foi uma das medidas tomadas no âmbito da reestruturação da Sata e “já estava em curso” quando assumiu funções.

“A Sata tinha trabalhadores a mais para o volume de negócios que tinha na altura”, afirmou, em Ponta Delgada, acrescentando que se tratou de “pessoas de elevado nível etário” e “desatualizadas para os desafios da empresa”, como uma maior informatização.

Confrontada pelo PS com o facto de 52% dos trabalhadores que anteciparam a reforma terem menos de 50 anos, a ex-responsável, que depois de sair da empresa foi secretária regional das Finanças (1996) e é atualmente secretária de Estado da Defesa Nacional, pelo PSD, afirmou que quem autoriza reformas não é a administração, mas a Segurança Social: “Se a Segurança Social autorizou, o conselho de administração não tem nada a dizer sobre isso”.

A socialista Marta Couto insistiu também nas condições do fundo de pensões criado sob a gestão de Berta Cabral (embora estivesse já previsto no acordo de empresa) e indicou que as reformas atribuídas representam hoje 34,5% do fundo (mais de 400 mil euros/ano).

A bloquista Zuraida Soares questionou quantos trabalhadores descontavam para o fundo - Berta Cabral disse ter ideia de que não pagavam - e perguntou também se foi criado um regime especial para as reformas, já que alguns funcionários que as anteciparam estavam na casa dos 40 anos. A social-democrata disse não ter conhecimento de um regime específico.

“Estamos aqui num imbróglio. Ou os trabalhadores descontavam ou não. E não é indiferente saber isso: para que a Segurança Social tivesse autorizado este tipo de reformas antecipadas teve de criar um regime especial”, referiu Zuraida Soares.

Berta Cabral lembrou que se tratava de um fundo de complemento de pensões e que estas não eram pagas pela empresa, admitindo que na altura “não havia as preocupações que há hoje” na Segurança Social.

“Se calhar na altura abusou-se o suficiente para hoje a Segurança Social atravessar a fase difícil que atravessa. Vendo bem as coisas, aquilo que a senhora fez foi empurrar encargos do momento para o futuro”, contrapôs a bloquista.

Ainda a propósito do fundo, a ex-administradora, que recordou os resultados positivos da sua administração e do ano seguinte, disse que 400 mil euros “não são nada” para a Sata, mas que os atuais “juros de oito milhões de euros são muito dinheiro”.

Pelo CDS, Graça Silveira questionou o que aconteceu entre a gestão de Berta Cabral na Sata e a sua assunção de funções como secretária regional das Finanças para que, já nesta condição, tivesse conseguido pagar de uma só vez 30 milhões de euros da dívida do Governo Regional à transportadora.

A social-democrata explicou que em 1996 (quando se tornou secretária regional) uma primeira venda do processo de privatização parcial do Banco Comercial dos Açores permitiu integrar o dinheiro no capital de duas empresas públicas – a Sata e a elétrica EDA.

O CDS quis também saber se enquanto esteve à frente da transportadora Berta Cabral teve conhecimento de um estudo de uma universidade inglesa que apontava uma maior eficiência se a base operacional da empresa fosse colocada no aeroporto da ilha Terceira, mas a ex-administradora disse conhecer apenas um estudo da consultora Mercer, em que a questão não era abordada. A comissão vai pedir à Sata esta documentação.

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