Autor: Susete Rodrigues
De acordo com o sítio Igreja Açores, o próximo passo será a nomeação do postulador, que “não poderá ser nenhum oficial interveniente no processo na fase diocesana e terá que ter duas exigências, nomeadamente morada em Roma e frequentar o curso de postulador.
Depois toda a documentação será estudada e avaliada, para ser desenvolvida a Positio, “documento fundamental para o reconhecimento das virtudes heróicas em ordem à beatificação. Como o fundamento para esta causa é o martírio poderá ser dispensada a prova de existência de um milagre para a sua beatificação”.
Em declarações ao sítio da Igreja Açores, o cónego Hélder Miranda Alexandre, satisfeito por ter entregue todo o processo que constitui a primeira causa açoriana em Roma, refere que agora o “início da fase romana é uma forma de darmos continuidade e credibilidade ao nosso trabalho na diocese. Levar esta causa, e quem sabe abrir outras, é também dar um sinal de esperança, sobretudo aqueles que encontram nestes exemplos um alimento para a sua esperança”.
“Já era tempo da nossa diocese apresentar uma causa junto do Vaticano. Estou certo que existirão muitos santos nos Açores e, por isso, era bom que pudéssemos avançar com outras causas, como por exemplo a de Madre Teresa D'Anunciada”, afirmou o Promotor Judicial da causa do processo de Maria Vieira, sublinhando o auxílio de Monsenhor António Manuel Saldanha, secretário do Studium do Dicastério das Causas dos Santos.
Maria Vieira da Silva, nasceu a 11 de novembro de 1926 na antiga vila de São Sebastião, na ilha Terceira. No dia 4 de junho de 1940 foi brutalmente martirizada por defender a sua virgindade frente a um homem que a queria abusar, ao qual ela resistiu até à morte.
A jovem, antes de morrer, pronunciou o nome do agressor e disse que 'não lhe tinha raiva', 'não lhe façam mal' e que 'lhe perdoava'.
O povo da ilha Terceira ficou comovido com a história, principalmente “com a sua capacidade de perdão e a sua fama de santidade começou a espalhar-se pela voz popular”.
A história de Maria Vieira é semelhante à de Maria Goretti, uma menina italiana de 12 anos que, no final do século XIX, perdeu a vida a defender a sua virgindade e que foi beatificada pelo Papa Pio XII, que haveria de a canonizar Santa Maria Goretti em 1950.
O sítio da Igreja Açores conta ainda que vários anos depois a paróquia de São Sebastião, solicitou à diocese que pudesse estudar o caso para iniciar um processo de beatificação. Houve, pelo menos, nos anos 90, duas tentativas por parte da paróquia junto do então Bispo D. Aurélio Granada Escudeiro, mas a abertura do inquérito não seguiu em frente.
Em 2007 foi entregue ao Bispo D. António de Sousa Braga uma petição para a introdução da causa de beatificação/canonização “da Serva de Deus Maria Vieira, da autoria do pároco da altura, Jacinto Bento, suportada em decisão unânime pelo Conselho Pastoral Paroquial, de 10 de dezembro de 2007”. Mas, novamente não houve qualquer decisão da autoridade eclesiástica.
Em fevereiro de 2018, D. João Lavrador, na altura Bispo de Angra e Ilhas dos Açores, deu indicações para o processo seguir com a nomeação da Comissão Histórica e da Comissão Teológica, o que permitiu chegar a esta fase final.