Autor: Lusa / AO online
"Representamos um Islão centrista e moderado, não impomos nada pela força", declarou à France Presse Mahmud Ghozlane, porta-voz da Irmandade, cujo braço político, o Partido Liberdade e Justiça, deverá ter cerca de 40 por cento dos votos, segundo resultados provisórios.
"Esperamos que as pessoas distingam os diferentes movimentos e não ponham todos os islamitas no mesmo cesto", referiu em alusão aos salafistas do partido Al-Nour que, com outras formações fundamentalistas, pode vir a ter entre 20 e 30 por cento dos votos.
"O resultado deles é superior ao que esperávamos", adiantou o porta-voz ainda em alusão aos salafistas, uma corrente do islamismo sunita que defende uma interpretação estrita e literal do Corão e a aplicação integral da 'charia', a lei islâmica.
Questionado sobre uma eventual coligação com o Al-Nour, Ghozlane considerou a questão "prematura".
"O povo escolheu os que representam a sua identidade islâmica, aqueles em quem confiam. A Irmandade Muçulmana esteve com o povo e viveu o seu sofrimento. O povo gosta dos que o servem e não dos que o tratam com condescendência", acrescentou.
Antes das eleições, que começaram na semana passada e se prolongam até 11 de janeiro, com várias etapas, a Irmandade Muçulmana, duramente reprimida durante o regime do presidente deposto, Hosni Mubarak, pronunciou-se a favor de um sistema parlamentar e em defesa da limitação dos poderes presidenciais.
Os resultados oficiais da votação de segunda e terça-feira deveriam ter sido anunciados na sexta-feira, mas o chefe da comissão eleitoral, Abdel Moez Ibrahim, limitou-se a divulgar a taxa de participação, que atingiu os 62 por cento.
Os números avançados pela imprensa e pelas diferentes formações confirmam, no entanto, os resultados elevados das formações islâmicas em detrimento do campo laico e liberal.
Os resultados de Port Said, no Suez, indicam 32,5 por cento dos votos para a Irmandade Muçulmana, 20,7 por cento para o Al-Nour e 12,9 para uma formação islâmica moderada, Wassat, segundo o jornal governamental al-Ahram.
O movimento palestiniano Hamas congratulou-se com o avanço das formações islâmicas nas eleições egípcias.
"É um resultado muito bom, significa um apoio cada vez mais importante às questões palestinianas", afirmou um porta-voz do Hamas.