Açoriano Oriental
Sri Lanka
Dezassete mortos em explosão de bomba no Sri Lanka
Pelo menos 17 pessoas morreram e 43 outras ficaram feridas esta quarta-feira na explosão de uma bomba nos subúrbios de Colombo, a capital do Sri Lanka, anunciaram responsáveis, que atribuiram este "atentado" aos rebeldes separatistas tamil.
Dezassete mortos em explosão de bomba no Sri Lanka

Autor: Lusa / AO online
"A bomba matou pelo menos 17 pessoas e feriu outras 43, algumas gravemente", anunciou à agência noticiosa francesa AFP um oficial da polícia, presente no local do "atentado", diante de um grande armazém de roupa em Nugegoda.

Um porta-voz do hospital de Kalubowila, para onde foram transportados os corpos das vítimas, disse temer um balanço ainda mais pesado.

"De acordo com as informações disponíveis, a bomba explodiu junto ao cruzamento Nugegoda e um autocarro incendiou-se após o atentado", indicou o Ministério da Defesa do Sri Lanka, acusando os rebeldes dos Tigres de Libertação de Eelam Tamil (LTTE).

A explosão ocorreu quando agentes de segurança do grande armazém revistavam a mala de uma mulher, precisou a polícia.

"Estamos a investigar para saber se se tratava de uma bombista suicida ou se a bomba se encontrava na sua mala", disse o polícia contactado telefonicamente.

Se se tratar de um atentado suicida será o segundo do dia em Colombo.

Quarta-feira de manhã, uma mulher da organização dos separatistas tamil fez-se explodir no centro da capital, num atentado visando um ministro e que causou um morto e dois feridos.

A bombista suicida tentou entrar no gabinete do ministro da Protecção Social, Douglas Devananda, mas foi detida e accionou os explosivos que transportava, aparentemente escondidos no sutiã.

O ministro Devananda, que não foi atingido, é um antigo rebelde tamil dos LTTE, que se tornou um dos seus principais opositores depois de se ter juntado ao poder de maioria cingalesa nos anos 1980.

Os LTTE comemoraram em Julho o 20/o aniversário do seu primeiro atentado suicida, homenageando os 322 combatentes tamil que desde então se fizeram explodir.

No período de um ano, 61 "tigres negros", a maioria mulheres, foram enviados como bombistas suicidas, visando os atentados em geral soldados.

O chefe dos Tigres, Velupillai Prabhakaran, considerou terça-feira ser impossível fazer a paz com o governo "genocidário" do Sri Lanka, após 35 anos de conflito.

"A nação cingalesa (...) tenta destruir a nação tamil", disse Prabhakaran, numa declaração transmitida por "e-mail" à AFP.

O número um dos Tigres Tamil, que vive na clandestinidade e que fez segunda-feira 53 anos, acusou o Sri Lanka de "desencadear uma violência insensata contra um outro povo".

"O seu único desejo é encontrar uma solução para a questão tamil pela potência militar e a opressão", disse ainda, adiantando que "todos os partidos cingaleses são no essencial chauvinistas e anti-tamil".

No dia anterior, o governo do Sri Lanka tinha prometido eliminar Prabhakaran, após ter assassinado no início de Novembro o chefe do braço político dos Tigres, Thamilselvan.

O ministro da Defesa, Gotabhaya Rajapakse, irmão do presidente Mahinda Rajapakse, considerou numa entrevista à AFP que no último ano as suas forças armadas ficaram em vantagem em relação aos LTTE.

"A eliminação de Thamilselvan permitiu enviar uma mensagem muito clara: eles sabem que dispomos de boas informações sobre as suas deslocações", disse Rajapakse.

Quanto ao número um dos LTTE, o ministro afirmou: "Perseguimo-lo e visamo-lo especificamente".

"O nosso objectivo é enfraquecê-los, devemos derrotá-los militarmente (...). Depois tornar-se-á possível uma solução política", adiantou Rajapakse.

Um cessar-fogo entre as partes foi concluído em Fevereiro de 2002, sob a mediação da Noruega, mas tem sido violado desde a chegada ao poder no final de 2005 do presidente Mahinda Rajapakse, um nacionalista de esquerda partidário dos métodos fortes contra os que qualifica de "terroristas".

Os Tigres Tamil, hindus, lutam pela independência do norte e do nordeste do Sri Lanka, um país com 75 por cento de cingaleses budistas. Desde 1972, mais de 60.000 pessoas foram mortas em actos de violência e entre 5.000 e 6.000 morreram desde o final de 2005.
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