Autor: Lusa
"Com o que está a acontecer aos Estados Unidos, precisávamos que os outros países mostrassem maior liderança, mas está a acontecer o contrário", lamentou Pedro Zorrilla, chefe da campanha de Alterações Climáticas da Greenpeace, em declarações à agência Europa Press.
E classificou de “um desastre” o facto de os 27 Estados-membros ainda não terem apresentado a sua meta.
Zorrilla comentou que houve pressão para alterar as condições de alojamento em Belém, no Brasil, que acolherá a COP30 entre 10 e 21 de novembro de 2025, mas que este não foi o único ano em que se registaram estes problemas.
"Por exemplo, na COP de 2021 em Glasgow, na Escócia, havia delegações, sobretudo de África, que estavam em Edimburgo e tiveram de viajar quase duas horas para lá chegar. Isso afetou diretamente as negociações", lamentou.
A diretora da ONG, Eva Saldaña, explicou à Europa Press que as prioridades da organização para o Brasil são promover um plano de ação para travar e reverter a degradação florestal até 2030 e um outro para acelerar a redução das emissões.
Por seu lado, enfatizaram a importância de os países do Norte Global fornecerem o financiamento público necessário aos países do Sul Global para que estes se possam adaptar às alterações climáticas. Nesse sentido, voltarão a concentrar-se na exigência de que "quem polui paga", defendendo a aprovação de novos impostos sobre as empresas poluidoras.
Para a organização Ecologistas em Ação, a Cimeira do Brasil deveria ter sido a da mitigação, mas muitos países ainda não apresentaram as suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), apesar das várias prorrogações concedidas, incluindo pela União Europeia (UE).
"Acreditamos que a posição de liderança da UE está cada vez mais fraca. É evidente que a mudança no Parlamento Europeu significou que, por exemplo, não conseguimos chegar a acordo sobre esta meta de redução a longo prazo", disse Javier Andaluz, responsável pela área de Clima e Energia da ONG.
Para a SEO/BirdLife, é crucial que os planos de ação nacionais para 2035 destaquem claramente o papel da natureza como defesa contra os impactos das alterações climáticas e que a COP30 resulte num acordo sobre indicadores de progresso rumo à adaptação, como sublinha o especialista em Energia e Clima da SEO/BirdLife, David Howell, em declarações à Europa Press.
O especialista manifestou confiança de que a UE chegará a uma posição "clara" relativamente à sua meta de redução de emissões, mas incerteza quanto à possibilidade de a União chegar a uma posição definitiva sobre a sua meta de redução de emissões.
Esta posição será "suficientemente ambiciosa" em termos de redução das emissões e eliminação gradual dos combustíveis fósseis. "Noutras questões, como as relacionadas com a biodiversidade, (Bruxelas) parece mais disposta", observou.