Açoriano Oriental
CGTP
Congresso marcado pela renovação, elegeu uma mulher para a liderança

O XIV congresso da CGTP terminou este sábado, no Seixal, marcado pela renovação da direção, com a saída de um terço dos dirigentes do Conselho Nacional e um terço da Comissão Executiva, e pela eleição de Isabel Camarinha para secretária-geral.

Congresso marcado pela renovação, elegeu uma mulher para a liderança

Autor: AO Online/ Lusa

Esta foi uma das maiores renovações da central sindical, que completa este ano 50 anos de existência, e foi determinada principalmente pelo limite de idade.

Aliás, Foi o limite de idade que levou à saída de Arménio Carlos, após oito anos de liderança, possibilitando a eleição de uma mulher para o cargo, neste caso uma dirigente sindical que fez a sua carreira no Sindicato do Comércio e Escritórios.

Mas será também a idade que impedirá Isabel Camarinha de fazer mais que um mandato, dado que daqui a quatro anos terá 63 anos, e na CGTP os dirigentes não se podem recandidatar quando têm a perspetiva de atingir a idade de reforma no mandato seguinte.

No congresso da Intersindical foram substituídos 55 dos 147 dirigentes sindicais do Conselho Nacional (CN), uns porque atingiram o limite de idade e outros porque foram substituídos na coordenação das respetivas uniões ou federações sindicais.

Na Comissão Executiva foram substituídos nove dos 29 dirigentes, por motivo de idade ou de reforma.

Os dois dias de trabalhos do congresso foram maioritariamente dedicados à discussão do documento programático para os próximos quatro anos, que aposta em seis eixos reivindicativos centrais e faz uma análise muito crítica das politicas nacionais e da União Europeia.

Estes eixos centrais incluem a reivindicação de melhor distribuição da riqueza e melhores salários, o combate efetivo à precariedade e à desregulação dos horários de trabalho.

A alteração do Código do Trabalho, para reintroduzir o princípio do tratamento mais favorável e retirar a possibilidade de caducidade das convenções coletivas, o respeito pela liberdade sindical e a melhoria dos serviços públicos são outros dos eixos estratégicos definidos no documento.

As criticas às políticas sociais da União Europeia e a não filiação internacional foi dos poucos motivos de discordância na reunião magna, tal como em anteriores congressos, expressa numa ou outra intervenção de sindicalistas socialistas.

Esta é, porém, uma decisão antiga, pois a central sindical já a referia num documento emitido em 1974, como sinal de independência, dado que as centrais internacionais estavam conotadas politicamente.

No congresso foi aprovada uma nova meta de sindicalização para o próximo quadriénio, com o desafio de serem conseguidos 120 mil novos associados, como forma de reforçar a estrutura.

A candidatura do socialista Fernando Gomes a secretário-geral animou o serão de sexta-feira, embora tudo se tenha passado à margem do congresso, já no âmbito da reunião tardia do Conselho Nacional, que fez a sua primeira reunião para eleger a nova Comissão executiva e a secretária-geral, para que esta pudesse encerrar o congresso.

Fernando Gomes foi chumbado na Comissão Executiva, como era expectável, mas garantiu total lealdade à nova secretária-geral e explicou que a sua candidatura foi apenas a afirmação de uma posição politico sindical.

Os dirigentes sindicais afetos ao Bloco de Esquerda, um total de seis no Conselho Nacional, aproveitaram mais uma vez a reunião magna da CGTP para manifestar aos jornalistas, à margem dos trabalhos, o seu protesto por não conseguirem entrar para a Comissão Executiva.

Mas tudo correu com a normalidade esperada, a estratégia para os próximos quatro anos foi aprovada com algumas abstenções, tal como a nova direção.

A renovação não alterou a correlação de forças, mantendo os comunistas maioria de dois terços nos órgãos sociais.

O congresso foi encerrado por Isabel Camarinha que fez uma intervenção a reafirmar os objetivos reivindicativos da central.

Na hora da despedida, o secretário-geral cessante e a nova secretária-geral estiveram lado a lado no palco rodeado de novos e antigos dirigentes, visivelmente emocionados.



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