Açoriano Oriental
Congregação das irmãs guardiãs do Santo Cristo está de partida

Uma semana depois do domingo das Festas do Senhor Santo Cristo dos Milagres, a congregação das irmãs zeladoras da imagem e da capela do Ecce Homo deixa o Convento da Esperança, onde está há 59 anos.


Autor: Paula Gouveia

A Congregação  das Religiosas de Maria Imaculada tem, neste momento, apenas duas  religiosas a viverem no Convento - a irmã superiora Célia Faria e a irmã Margarida Pimentel. A irmã Zilda Melo, a última guardiã que viu sair a imagem em procissão deixou São Miguel em novembro passado, para ir para a comunidade de Lisboa, tendo ficado a irmã Margarida Pimentel a zelar pela imagem do Senhor Santo Cristo dos Milagres.

O Convento da Esperança  ficará pois vazio, com a saída das últimas duas religiosas da Congregação, a não ser que seja encontrada alguma outra congregação interessada em dar continuidade à tarefa iniciada pela Madre Teresa d’Anunciada.

“É com muita pena nossa. Custa-nos deixar esta missão que nos foi confiada pela Igreja Diocesana. Já são bastantes anos no Convento da Esperança, com esta missão”, confessa a irmã Célia Faria.

Para a irmã superiora, as irmãs da comunidade do Convento da Esperança  têm sido “as mediadoras entre o Santo Cristo e o povo açoriano”, sentindo a responsabilidade de “representar esta fé da Igreja, esta devoção”, “acolher os peregrinos no Santuário, escutar as suas aflições, os seus pedidos de orações”. “Sentimos que esta nossa presença foi de ajuda para o povo açoriano”,  admite a religiosa.

“A irmã Beatriz que vai fazer dois anos que faleceu esteve cerca de 40 anos com a tarefa de zeladora da imagem do Senhor  Santo Cristo, e é uma das grandes referências para o povo açoriano no que se refere ao culto da imagem do Senhor Santo Cristo”, lembra.

Diz por tudo isto que esta missão “já estava dentro de nós, do nosso coração, e custa-nos deixá-la, mas tivemos de tomar uma decisão pensando na nossa missão carismática”, explica.

Durante muitos anos, a Congregação teve um papel importante, a par da missão de zelar pela imagem e culto ao Senhor Santo Cristo, no acolhimento de crianças e jovens carenciadas e de jovens deslocadas de outras ilhas, para trabalho ou estudo (ver caixa). E, como salienta a irmã superiora, “foi deixando de ser tão necessária a nossa presença no âmbito da ação de promoção  da jovem que estava fora do seu lar”.

A irmã Célia Faria recorda que a Congregação chegou a fazer “formações apoiadas pela CEE, disponibilizando cursos de datilografia, viola, bordados, costura, e aulas noturnas; e havia muitas jovens que passavam aqui as tardes de domingo”.

“Este trabalho, contudo, foi mudando. Começaram a ser menos as jovens que pediam alojamento” e a valência de residência acabou por fechar há três anos, explica, salientando que nos últimos anos, contudo, “ainda tivemos iniciativas, como um grupo de jovens, colaborámos com a Pastoral Juvenil, e chegámos a apoiar o projeto São Lucas e o Centro Social da Paróquia de São José”. Mas, “fomos percebendo que este trabalho, apesar de positivo, não justificaria a presença de uma comunidade”, diz.
“Falámos com o reitor do Santuário e com o senhor Bispo, e agora tomarão as suas decisões”, diz a irmã superiora que lembra que a Congregação das Religiosas de Maria Imaculada é já a quarta congregação a viver no Convento da Esperança.

“É uma fase de mudança para a vida do Convento. E oxalá que traga vida nova!”, diz a irmã Célia Faria que daqui a aproximadamente um mês irá para a comunidade de Lisboa, enquanto a irmã Margarida Pimentel irá para a comunidade do Porto, onde a Congregação tem a funcionar residências de jovens.♦

Congregação está em São Miguel desde 1954 e no Convento desde 1962

A Congregação das Religiosas de Maria Imaculada veio para São Miguel em 1954, para uma residência de jovens do Patronato de São Miguel, localizada na rua Comandante Jaime de Sousa, n.º20 , na freguesia de São Pedro, em Ponta Delgada.

Em 1962, as religiosas desta congregação mudam-se para o Convento da Esperança, porque havia cada vez mais pedidos de alojamento.

Ainda antes, em 1957, abriram uma “Casa de Trabalho” em Vila Franca, numa casa que os Viscondes de Botelho tinham oferecido à Diocese, e onde permaneceram até 1997. Tanto em Vila Franca do Campo, como no Convento da Esperança, em Ponta Delgada, chegaram a ter cerca de 80 jovens à sua guarda.

A Congregação esteve ainda na ilha de São Jorge, durante apenas quatro anos. 


PUB
Regional Ver Mais
Cultura & Social Ver Mais
Açormédia, S.A. | Todos os direitos reservados