Açoriano Oriental
Catarina Martins critica precipitação do ultimato e instabilidade dispensável

A coordenadora do BE criticou esta sexta feira a precipitação do "ultimato do Governo à direita" ao trazer uma "instabilidade política dispensável", considerando "triste e errado" dar-se a PSD e CDS-PP "o prémio" de decidir se a legislatura chega ao fim.

Catarina Martins critica precipitação do ultimato e instabilidade dispensável

Autor: AO Online/ Lusa

"A direita sempre disse que os acordos à esquerda seriam um fogacho e não chegariam ao fim da legislatura. Dar agora, a essa mesma direita, o prémio de decidir se a atual solução política cumpre ou não a legislatura até ao fim, é triste e é errado", condenou, considerando que este ultimato é "uma precipitação".

Catarina Martins reagia assim ao anúncio feito hoje pelo primeiro-ministro, António Costa, que comunicou ao Presidente da República que o Governo se demitirá, caso a contabilização total do tempo de serviço dos professores seja aprovada em votação final global.

"O ultimato do Governo à direita vem introduzir uma instabilidade política que nos parece dispensável", lamentou, citando o primeiro-ministro que, na declaração que fez ao país, afirmou que BE e PCP foram coerentes com a sua posição.

Assim, para líder bloquista, "o incómodo do primeiro-ministro não terá nada a ver com a posição do BE nem do PCP porque o próprio primeiro-ministro o acabou de afirmar".

Responsabilidade, serenidade e cabeça fria em relação aos compromissos com o país foi a postura que, segundo Catarina Martins, o BE mantém desde o primeiro dia da legislatura, prometendo que será assim até ao fim.

"Tem algum sentido deitarmos borda fora todo este trabalho conjunto, todo este compromisso com o país por algo que ninguém compreende? Porque, de facto, não tem nenhum impacto no orçamento, apenas permite, e bem, que um próximo Governo possa negociar a forma como respeita as carreiras dos trabalhadores do Estado. Não tem absolutamente nenhum sentido", condenou.

Questionada sobre se o BE manterá o sentido de voto quando os diplomas chegarem à fase da votação final global, Catarina Martins referiu apenas que "o Bloco teve sempre a mesma posição, não faz recuos".

"O que nós votamos não tem nenhum encargo adicional para este orçamento, dá toda a liberdade para um próximo Governo e, portanto, achamos que é artificial fazer de conta que há agora um problema", atirou.

Em conferência de imprensa no parlamento no final da manhã, horas antes da declaração ao país de António Costa, o líder parlamentar bloquista, Pedro Filipe Soares, já tinha assegurado que o partido iria manter a votação sobre os diplomas dos professores.

"Nós estamos no fim da legislatura, vamos ter eleições europeias, em julho acaba esta sessão legislativa. Para quê precipitar o fim dos dossiês que temos entre mãos, por uma razão que ninguém percebe, que vale zero do ponto de vista orçamental e que aquilo a que apela é ao compromisso que os vários partidos terão de fazer para uma próxima legislatura que ainda há de ser ratificada nas urnas", insistiu.

Para as pessoas, na ótica da líder do BE, "não há nenhuma crise", questionando o propósito de ter eleições legislativas em julho, em vez das que estão marcadas para outubro.

"Que sentido tem não deixar chegar até ao fim uma legislatura que fez quatro orçamentos, que está a trabalhar, que tem dossiês importantes em mãos e em que não houve nenhuma alteração dos acordos estabelecidos até agora? Não tem absolutamente nenhum sentido do nosso ponto de vista e cá estamos para continuar o nosso trabalho", apontou.

A advertência de António Costa foi feita numa declaração ao país, depois de ter estado reunido cerca de 40 minutos com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, na sequência da crise política aberta com a aprovação pelo parlamento, apenas com os votos contra do PS, da recuperação do tempo total de serviço dos professores no período em que houve congelamento de progressões.


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