Autor: Luísa Couto
Enquanto a nau Victoria, vinda de Espanha, cruza o Atlântico, a caravela “Vera Cruz” já se encontra atracada no novo cais de cruzeiros de Ponta Delgada, pronta para, amanhã à noite, partir à (re)descoberta da Povoação.
Naquela que será a recriação histórica da chegada de Gonçalo Velho Cabral à Povoação, nenhum pormenor será deixado ao acaso para que quem estiver a assistir se sinta transportado ao Século XV: na caravela vão desembarcar alguns moriscos para desbravar a ilha e que vão ainda (re)erguer o padrão dos descobrimentos. A ideia é proporcionar uma lição de história ao vivo, transportando o público através de uma espécie de viagem no tempo, como explicou ontem aos jornalistas, Emanuel Carreiro, coordenador do projecto Origens, iniciativa que está na base de um conjunto de quatro espectáculos que, em três ilhas, vão levar à cena quadros da história das Descobertas e Povoamento dos Açores. Trata-se de um projecto, orçado em mais de 280 mil euros, que começou a ser pensado há dois anos e que teve na sua génese uma reconstituição pictórica, a cargo do próprio Emanuel Carreiro, sobre o desembarque dos Flamengos, obra destinada à igreja das Angústias, na Horta.
Lançado o repto para que da ideia do quadro se passasse a uma representação “in vivo”, rapidamente o artista e ex-jornalista avançou com a reunião dos elementos necessários para concretizar a pretensão. E se encontrar actores e figurantes seria a tarefa menos complicada, o mesmo não se podia dizer de naus e caravelas, ainda que de réplicas se tratassem... Depois de alguma pesquisa e muitos contactos, a garantia de que a caravela “Vera Cruz” - uma das duas existentes no território continental e que são réplicas fiéis das caravelas quinhentistas com as quais os primeiros marinheiros portugueses se lançaram ao Atlântico - podia rumar aos Açores para se envolver na recriação. Tarefa bem mais complicada, confessa o coordenador do projecto, foi mesmo encontrar uma nau.
“Havia uma nau na Madeira mas que não tem condições para navegar em mar-alto. Depois, no Brasil, as réplicas que se construíram a propósito dos 500 anos da sua descoberta também se apresentavam sem condições para navegar. E o mesmo aconteceu nos Estados Unidos”, relatou Emanuel Carreiro.
“Foi então em Espanha que fui encontrar a única nau que está em condições de navegar em mar alto: a nau Victoria que também já deu a volta ao mundo”, acrescentou. E uma vez reunidos todos os requisitos foram concebidos quatro espectáculos que, para além de São Miguel, vão chegar às ilhas do Faial e da Terceira.
Amanhã, ao serão, tem lugar, na Povoação, a primeira recriação, acontecendo a segunda no próximo domingo, integrada no programa inaugural das Portas do Mar.“Vamos recriar o passado comercial de Ponta Delgada no século XVI. Da caravela e da nau vão desembarcar uma série de mercadores e gente estranhíssima, acompanhados de coisas que na altura não se vendiam na cidade”, revelou o coordenador.
“No Faial, no dia 11, vamos constituir cenário na baía do Porto Pim (e não no Porto da Cruz onde aconteceu originalmente por este estar descaracterizado arquitectonicamente) a segunda chegada dos Flamengos. Segue-se uma ceia quinhentista, com menu da época, no castelo de São Sebastião”.
Já no domingo, dia 13, no Porto das Pipas, em Angra do Heroísmo, será a vez da reconstituição de uma escala na Rota da Índia”, anunciou Emanuel Carreiro.
Todas as exibições serão transmitidas pela RTP-Açores, sendo ainda acompanhadas por painéis com comentadores e investigadores da Universidade dos Açores, moderados por jornalistas da televisão pública.
Nau e caravela, na passagem pelas três ilhas, vão estar disponíveis para visitas ao público. ||
Para visitar e apreciar
Caravela Vera Cruz: uma réplica perfeita
A caravela Vera-Cruz, lançada à água no ano de 2000, é uma réplica fiel das caravelas oceânicas portuguesas do século XV. Sendo propriedade da Associação Portuguesa de Treino de Vela (APORVELA) ela é um projecto do Contra-Almirante Rogério de Oliveira, construída nos estaleiros de Vila do Conde, como marco da comemoração dos 500 anos do Descobrimento do Brasil. ||
Victoria: a nau que deu a volta ao mundo
Deverá chegar a Ponta Delgada a tempo do espectáculo agendado para domingo próximo a nau Victoria, mais uma réplica perfeita do único navio da armada de Fernão de Magalhães, um português navegando sob bandeira espanhola, que no século XVI, completou a volta ao mundo. Um feito também já conseguido por este navio há escassos anos atrás.
Naquela que será a recriação histórica da chegada de Gonçalo Velho Cabral à Povoação, nenhum pormenor será deixado ao acaso para que quem estiver a assistir se sinta transportado ao Século XV: na caravela vão desembarcar alguns moriscos para desbravar a ilha e que vão ainda (re)erguer o padrão dos descobrimentos. A ideia é proporcionar uma lição de história ao vivo, transportando o público através de uma espécie de viagem no tempo, como explicou ontem aos jornalistas, Emanuel Carreiro, coordenador do projecto Origens, iniciativa que está na base de um conjunto de quatro espectáculos que, em três ilhas, vão levar à cena quadros da história das Descobertas e Povoamento dos Açores. Trata-se de um projecto, orçado em mais de 280 mil euros, que começou a ser pensado há dois anos e que teve na sua génese uma reconstituição pictórica, a cargo do próprio Emanuel Carreiro, sobre o desembarque dos Flamengos, obra destinada à igreja das Angústias, na Horta.
Lançado o repto para que da ideia do quadro se passasse a uma representação “in vivo”, rapidamente o artista e ex-jornalista avançou com a reunião dos elementos necessários para concretizar a pretensão. E se encontrar actores e figurantes seria a tarefa menos complicada, o mesmo não se podia dizer de naus e caravelas, ainda que de réplicas se tratassem... Depois de alguma pesquisa e muitos contactos, a garantia de que a caravela “Vera Cruz” - uma das duas existentes no território continental e que são réplicas fiéis das caravelas quinhentistas com as quais os primeiros marinheiros portugueses se lançaram ao Atlântico - podia rumar aos Açores para se envolver na recriação. Tarefa bem mais complicada, confessa o coordenador do projecto, foi mesmo encontrar uma nau.
“Havia uma nau na Madeira mas que não tem condições para navegar em mar-alto. Depois, no Brasil, as réplicas que se construíram a propósito dos 500 anos da sua descoberta também se apresentavam sem condições para navegar. E o mesmo aconteceu nos Estados Unidos”, relatou Emanuel Carreiro.
“Foi então em Espanha que fui encontrar a única nau que está em condições de navegar em mar alto: a nau Victoria que também já deu a volta ao mundo”, acrescentou. E uma vez reunidos todos os requisitos foram concebidos quatro espectáculos que, para além de São Miguel, vão chegar às ilhas do Faial e da Terceira.
Amanhã, ao serão, tem lugar, na Povoação, a primeira recriação, acontecendo a segunda no próximo domingo, integrada no programa inaugural das Portas do Mar.“Vamos recriar o passado comercial de Ponta Delgada no século XVI. Da caravela e da nau vão desembarcar uma série de mercadores e gente estranhíssima, acompanhados de coisas que na altura não se vendiam na cidade”, revelou o coordenador.
“No Faial, no dia 11, vamos constituir cenário na baía do Porto Pim (e não no Porto da Cruz onde aconteceu originalmente por este estar descaracterizado arquitectonicamente) a segunda chegada dos Flamengos. Segue-se uma ceia quinhentista, com menu da época, no castelo de São Sebastião”.
Já no domingo, dia 13, no Porto das Pipas, em Angra do Heroísmo, será a vez da reconstituição de uma escala na Rota da Índia”, anunciou Emanuel Carreiro.
Todas as exibições serão transmitidas pela RTP-Açores, sendo ainda acompanhadas por painéis com comentadores e investigadores da Universidade dos Açores, moderados por jornalistas da televisão pública.
Nau e caravela, na passagem pelas três ilhas, vão estar disponíveis para visitas ao público. ||
Para visitar e apreciar
Caravela Vera Cruz: uma réplica perfeita
A caravela Vera-Cruz, lançada à água no ano de 2000, é uma réplica fiel das caravelas oceânicas portuguesas do século XV. Sendo propriedade da Associação Portuguesa de Treino de Vela (APORVELA) ela é um projecto do Contra-Almirante Rogério de Oliveira, construída nos estaleiros de Vila do Conde, como marco da comemoração dos 500 anos do Descobrimento do Brasil. ||
Victoria: a nau que deu a volta ao mundo
Deverá chegar a Ponta Delgada a tempo do espectáculo agendado para domingo próximo a nau Victoria, mais uma réplica perfeita do único navio da armada de Fernão de Magalhães, um português navegando sob bandeira espanhola, que no século XVI, completou a volta ao mundo. Um feito também já conseguido por este navio há escassos anos atrás.
