Açoriano Oriental
Caracóis: Maior exploração do país quer liderar mercado europeu
A criação de caracóis anda a 'passo de caracol' num país de grandes apreciadores, mas estes moluscos são já 1,5 milhões prontos a serem consumidos na maior exploração do país, na Corujeira, Torres Vedras.

Autor: Lusa / Ao online
    A cultura de caracóis (helicicultura) está a desenvolver-se e a ganhar cada vez mais adeptos em Portugal, onde os preços de venda ao público chegam a ser idênticos aos do camarão.

    A “Esgargots Oeste”, constituída em 2005, contribui com doze a quinze toneladas praticamente só para a Grande Lisboa, sendo já a maior concentração de caracóis do país, espalhados por um hectare de terreno. Aqui encontram-se as chamadas caracoletas “Helix Gros Gris e Helix Aspersa”, de aspecto castanho e de tamanho grande (até 40 gramas).

    Além da criação de caracóis adultos para venda, este parque é o primeiro do país a reproduzir moluscos bebés, para potenciar a produção no país e satisfazer as necessidades de consumo. Por ano estima-se que sejam consumidas 42 mil toneladas de caracóis em Portugal.

    Os 20 mil reprodutores da exploração são responsáveis pelo nascimento de cinco milhões de bebés em cada ano. Carlos Candeias, um dos sócios, considera que esta é já a “maior sala de sexo de caracóis do país” para potenciar toda a produção destes moluscos em Portugal. Se o projecto de ampliação da exploração for concretizado, poderá vir a tornar-se na maior da Europa, atingindo os 100 mil.

    Apesar de terem uma esperança de vida curta (um ano) e serem “lentos” a acasalar, o que acontece só nos meses de Novembro a Março, acabam por se reproduzir em grande número. São hermafroditas e, por outro lado, podem pôr 80 ovos por cada postura e a fase de gestação demora apenas um mês.

    Muitos milhares são vendidos a criadores. Uma encomenda de mil caracóis bebés (0,032 gramas cada um) chega a custar dez euros.

    No entanto, a maioria acaba por ser criada na exploração para o consumo alimentar, em petiscos. Ao fim de cinco meses, são considerados caracóis adultos, estando em condições de ir parar ao prato do consumidor.

    Foi, aliás, a paixão por comer caracóis que juntou os três sócios da exploração. “Gostamos muito de comer caracóis e começámos a fazer a nossa própria produção mais por paixão do que pelo lucro”, diz Estefânio Teófilo, apesar de garantir que “uma família consegue viver da criação do caracol”, já que um quilograma destes moluscos terrestres é vendido ao consumidor a seis euros.

    Em Portugal, os caracóis selvagens são cada vez menos devido à aplicação dos pesticidas, assim como as pessoas que gostam de se dedicar nos tempos livres à sua apanha. E as necessidades de consumo dos portugueses obrigam a importar elevadas quantidades de caracóis de França, do leste da Europa e de Marrocos, impedindo os poucos produtores nacionais de competir em pé de igualdade com estes países, os maiores produtores mundiais. “O nosso maior concorrente é a caracoleta de Marrocos”, sublinha Carlos Candeias.

    Após dar o salto no negócio, a exploração estará em condições de “fornecer todo o mercado português e o de Leste”.

    “Queremos vender o caracol para comer, mas estamos a ver se vendemos também a baba do caracol para a indústria de cosmética e o caviar que também serve para comer”, acrescenta Hélder Batista, outro dos sócios.

    Contudo, factores o financiamento, a manutenção da exploração e acondicionamento destes moluscos para obedecer às regras da higiene e salubridade e a apetência dos consumidores para o pequeno caracol esbranquiçado fazem com que o negócio esteja ainda a um passo de caracol de se tornar comercial.

    A estes juntam-se factores como os elevados custos na contratação de mão-de-obra para a época da apanha, na electricidade que os mantêm nos viveiros descobertos e na água indispensável à sua sobrevivência, além das praga de ratos que devoram o pâncreas dos caracóis sem os poder combater com pesticidas.
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