Autor: Lusa/AO Online
Orlando Guerreiro explicou que a campanha "Iniciativas Oceânicas", promovida por uma organização internacional dedicada à defesa dos oceanos e orlas costeiras, abrange as ilhas Terceira (Riviera, dia 22), Faial (Porto da Feiteira, a 23), São Jorge (Fajã dos Cubres, a 29), Santa Maria (Baía dos Anjos, a 29) e São Miguel (Baía de Santa Iria, a 30).
O objetivo, detalhou o responsável pela Surfrider-Azores, é recolher resíduos, sobretudo plásticos, sensibilizar para o "impacto negativo" que estes têm na vida marinha e desmistificando que a sua origem seja no mar, mas antes em terra.
"Uma parte dos resíduos que são arrastados pelo mar e vêm dar à costa são resíduos que foram depositados em terra, ao contrário do que se pensa, de que foram deitados ao mar pelos pescadores ou embarcações", referiu, mencionando, por isso, que o 'slogan' adotado este ano é "deitar no chão é deitar no mar".
Trata-se da quarta campanha açoriana que, integrada na Surfrider Foundation, rede de organizações regionais e locais criada em 1990, em França, surgiu por ações de defesa ambiental fomentadas por surfistas, estando hoje presente no país com núcleos em Lisboa, Porto, Ericeira, Viana do Castelo e Açores.
As "Iniciativas Oceânicas", iniciadas em 1996, contabilizam, pormenorizou o responsável, "sete mil limpezas costeiras realizadas em todo o mundo", tendo ocorrido nos Açores pela primeira vez em 2011, mas com objetivo de estender-se em próximas edições "a todas as ilhas".
Para o porta-voz local da Surfrider, o principal problema está na "falta de civismo".
"Já existem formas de tratamento de resíduos e sensibilizações por parte de câmaras municipais e Governo Regional, etc., e, no entanto, quando regressamos às zonas que limpámos continua a haver deposição de resíduos em que a principal razão é mesmo a falta de civismo", afirmou.
Outro dos propósitos da organização internacional é estimular a legislação contra a poluição aquática, tendo, neste campo, o investigador da Universidade dos Açores referido ter sido dado "parecer muito positivo" a uma proposta de lei do PCP/Açores para criação de uma eco-taxa ambiental pelo uso de sacos de plástico no arquipélago, mas que, advertiu, deve ir mais longe.
"Acho que é um importante passo, mas importante era banir completamente os sacos plásticos, mas não só os sacos plásticos porque não faz sentido termos água engarrafada, em garrafas de plástico e garrafões, quando a água fornecida pelo sistema camarário é bastante boa", defendeu.
As "Iniciativas Oceânicas" contam com o apoio das autarquias, além da mobilização de diversas entidades universitárias ligadas ao ambiente e ao mar dos Açores, associações desportivas de 'surf' e ‘bodyboard' e empresas da região.