Açoriano Oriental
Baixa de Lisboa mostra sinais da greve à recolha do lixo
A greve dos trabalhadores da recolha do lixo em Lisboa era notada esta manhã na zona da Baixa, com caixotes cheios e montes de sacos pretos em algumas esquinas.
Baixa de Lisboa mostra sinais da greve à recolha do lixo

Autor: Lusa/AO online

Passando o arco da rua dos Sapateiros, o mau cheiro sentia-se devido a alguns sacos abertos e cujo conteúdo ia sendo debicado por pombos.

Na zona, algumas pessoas questionavam-se entre si quanto tempo se iria prolongar esta paralisação e admitiam que a sujidade em Lisboa vá piorar com o passar dos dias sem recolha do lixo.

Um dia depois do Natal, numa “voltinha pela baixa”, Carlos Vieira lamentava o lixo acumulado à vista, numa esquina da Rua Augusta, onde o movimento de turistas era constante.

Porém, o reformado admitia à agência Lusa que se trabalhasse na recolha dos resíduos “era capaz” de também estar em greve.

“Eles estão a defender os seus interesses, estão a levar só cortes, atrás de cortes. Agora querem transferi-los, parece que para as juntas de freguesia, não sei porquê”, comentava o lisboeta, procurando respostas sobre quem colocou sacos de lixo às portas de bancos.

“As portas dos bancos ontem [quarta-feira] estavam todas ocupadas com lixo. Não sei porque é que fazem isso, ao menos que deem a cara e não andem a fazer estas coisas de noite. Eu duvido que sejam as pessoas que andam a fazer greve”, afirmava.

Junto a algumas delegações de bancos naquela área viam-se por perto sacos pretos, mas sem que travassem a entrada de clientes.

A partir de um dos quiosques de venda de flores no Rossio, Afonso Carvalho dizia ter observado que os “caixotes estão cheios” e que os funcionários camarários “não vieram despejar nada”.

“É lamentável, nesta altura em que há tanto lixo, com as prendas e tudo, eles estarem tantos dias sem virem recolher. Um dia ou dois ainda se admite, agora estes dias todos sem recolha...”, notava o comerciante.

Afonso Carvalho questionava como será “daqui por oito dias” e avançava com uma possível resposta: “deve ser quase como a Itália”, na altura em que também foi decretada uma greve dos trabalhadores da recolha do lixo.

“Lamentamos isso, as pessoas deviam ter mais bom senso. Todos têm direito à greve, mas estes dias todos é que é inadmissível. É o que temos, é o país que temos”, afirmava.

Ao longo da Avenida da Liberdade não havia esta manhã sinal da falta de recolha, tal como quase ao longo de todo o bairro de Campo de Ourique, onde apenas no jardim da Parada se concentravam alguns caixotes muito cheios.

Vítor Reis, do sindicato dos Trabalhadores do Município de Lisboa (STML), confirmava ao final da manhã à agência Lusa que serão as zonas residenciais da capital as mais afetadas pela paralisação, que regista uma adesão da ordem dos 85%.

Os trabalhadores dos serviços de limpeza da Câmara estão em greve desde terça-feira - e até 05 de janeiro - contra a intenção da autarquia de privatizar este setor.

Na terça-feira, a adesão à paralisação rondou os 90% e a maioria das ruas da capital ficou sem recolha de lixo, segundo o STML, que explicou que na quarta-feira não houve greve por causa do feriado de Natal.

A autarquia emitiu um aviso sobre o possível mau funcionamento do sistema de limpeza e recolha de lixo e recomendou "a todos os moradores que separem e acondicionem devidamente os seus resíduos domésticos e evitem a sua deposição na rua".

Hoje, além dos trabalhadores da limpeza urbana, também estão trabalhadores dos restantes serviços e departamentos da Câmara Municipal de Lisboa.

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