Açoriano Oriental
Astrónomos estimam que haja milhões de planetas potencialmente habitáveis
Milhões de planetas do tamanho da Terra que orbitam em torno de estrelas semelhantes ao Sol são potencialmente habitáveis, segundo a mais recente análise aos dados recolhidos pelo telescópio Kepler apresentada numa conferência a decorrer na Califórnia.
Astrónomos estimam que haja milhões de planetas potencialmente habitáveis

Autor: Lusa/AO online

Uma em cada cinco estrelas semelhantes ao Sol existentes na Via Láctea tem na sua órbita um planeta de tamanho semelhante ao da Terra, que não está nem muito próximo nem muito longe do seu astro e regista temperaturas que permitem a existência de água, tornando-o potencialmente habitável, concluíram os astrónomos.

Os cientistas basearam-se nos dados recolhidos nos três primeiros anos de observação do telecopio Kepler, que atualmente se encontra desativado.

"Significa que, entre os milhões de estrelas que se veem no céu, a mais próxima semelhante ao Sol com um planeta na sua órbita similar à Terra encontra-se provavelmente apenas a doze anos-luz (um ano-luz equivale a 9.461 milhões de quilómetros) e é visível a olho nu", destacou o astrónomo Erick Petigura, da Universidade da Califórnia, em Berkeley, principal autor da investigação.

O estudo foi apresentado numa conferência sobre a missão Kepler que decorre até 08 de novembro em Moffett Field (oeste da Califórnia).

"Os resultados fazem pensar que planetas como a Terra são relativamente comuns em toda a Via Láctea", disse por seu lado Andrew Howard, astrónomo do Instituto Astronómico do Hawai e co-autor do estudo.

Analisando os dados recolhidos pelo Kepler nos três primeiros anos de observação, os astrónomos detetaram 3.538 potenciais hexoplanetas (que orbitam fora do sistema solar), dos quais 833 confirmados.

Entre estes últimos, 647 são de tamanho terrestre, mas apenas 104 se encontram numa zona que lhes permite serem habitáveis, e 10 aparentam ser rochosos como a terra, indicou Jason Rowe, do Instituto SETI.

Após os dois primeiros anos de análise dos dados do Kepler, os astrónomos tinham encontrado apenas 351 planetas com tamanho semelhante à Terra.

O facto de um planeta ter uma massa comparável à Terra e se localizar numa zona onde pode ser habitável não o torna necessariamente propício à vida, ressalvam, no entanto, os cientistas.

"Alguns podem, por exemplo, ter atmosferas demasiado espessas que tornam as temperaturas da superfície demasiado quentes para organismos vivos", notou Geoffrey Marcy, da Universidade da Califórnia.

"Ignoramos ainda a extensão deste tipo de planetas e dos ambientes onde a vida poderia existir", acrescentou.

Na semana passada, estes astrónomos tinham anunciado a descoberta do hexoplaneta Kepler-78b que, apesar de ter um tamanho e composição semelhantes à Terra, é inabitável por causa das temperaturas à superfície, que atingem os 1.500 a 3.000 graus celsius.

Kepler, uma missão de 600 milhões de dólares (cerca de 445 milhões de euros) foi lançado em 2009 para escrutinar durante pelo menos quatro anos mais de 100 mil estrelas semelhantes ao Sol situadas nas Constelações Cisne e Lira da Via Láctea.

A missão foi prolongada em novembro de 2012, após uma primeira missão que recolheu uma enorme quantidade de dados, cujos planetólogos deverão terminar de analisar dentro de dois anos.

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