Açoriano Oriental
Acusações judiciais após invasão do Capitólio fragilizam grupos de extrema-direita nos EUA

As várias declarações falsas do ex-presidente norte-americano Donald Trump sobre fraudes nas eleições norte-americanas de 2020 uniu extremistas no assalto ao Capitólio, mas o rescaldo dessa insurreição está a dividir os principais grupos de extrema-direita.

Acusações judiciais após invasão do Capitólio fragilizam grupos de extrema-direita nos EUA

Autor: Lusa /AO Online

Em 06 de janeiro de 2020, milhares de apoiantes do republicano Donald Trump marcharam até ao Capitólio, em Washington, forçando a entrada no edifício, numa tentativa de evitar que o Congresso certificasse a vitória do democrata Joe Biden, atual Presidente dos Estados Unidos.

Cinco pessoas, incluindo um polícia da segurança do Capitólio, morreram nos confrontos entre invasores e forças policiais.

Na sequência destes acontecimentos, mais de três dezenas de membros e simpatizantes dos Proud Boys e dos Oath Keepers foram acusados ​​de vários crimes e diversas delegações locais desses grupos radicais cortaram as ligações com as lideranças nacionais.

Especialistas ouvidos pela agência Associated Press consideram existir um paralelo entre as consequências da manifestação do Capitólio e as divisões nos grupos de extrema-direita que aconteceram após os violentos confrontos no comício nacionalista branco "Unite the Right" em Charlottesville, Virgínia, em agosto de 2017.

Na sequência da violência verificada naquele fim-de-semana, o movimento “alt-right” com ligações a grupos de supremacia branca fragmentou-se e acabou por deixar de ter visibilidade pública.

"Acho que algo parecido com isso está a acontecer agora no movimento mais amplo de extrema-direita, onde o tecido coeso que os uniu - a eleição de 2020 - está um pouco dissolvido", referiu Jared Holt, do laboratório de pesquisa Atlantic Council.

Outro especialista defende que a vitória eleitoral de Joe Biden e a investigação aos acontecimentos de 06 de janeiro, considerado o maior processo federal da história, podem dar ânimo ao movimento das milícias, alimentado pela contestação antigovernamental.

“Já estamos a ver muita dessa retórica a ser debitada num esforço para atrair as pessoas” para organizações extremistas, assegurou Freddy Cruz, analista do Southern Poverty Law Center que se dedica a estudar grupos antigovernamentais.

Os membros dos Proud Boys e dos Oath Keepers representam apenas uma fração das cerca de 450 pessoas acusadas até agora pela invasão da sede do Congresso dos Estados Unidos.

Liderado por Henry “Enrique” Tarrio, que não participou no motim, o grupo Proud Boys emergiu da extrema-direita durante a administração Trump para os círculos do Partido Republicano, alegando ter mais de 30 mil membros em todo o país.

Vários líderes regionais, incluindo de Seattle, de Las Vegas, do Indiana e do Alabama, anunciaram, após os acontecimentos de 06 de janeiro, o corte de relações com a estrutura nacional da organização.

Dezasseis membros do Oath Keepers - um grupo de milícia fundado em 2009 que recruta atuais e ex-militares, polícias e socorristas para as suas fileiras - foram acusados ​​de conspirar para bloquear a certificação dos votos das eleições presidenciais norte-americanas.

O fundador e líder do grupo, Stewart Rhodes, adiantou que o Oath Keepers já teve um máximo de 40 mil membros nos Estados Unidos, mas um especialista em extremismo estima que esse número ronde os três mil a nível nacional.

Em 06 de janeiro, vários Oath Keepers, usando capacetes e coletes de proteção, foram vistos abrindo caminho pelas escadas do Capitólio numa formação de estilo militar.

Rhodes tem procurado se distanciar dos membros que foram detidos, insistindo que atuaram por rebeldia e que nunca houve um plano definido para forçar a entrada no Capitólio.

Um membro deste grupo foi o primeiro réu a se declarar culpado no motim, tendo concordado em cooperar com a investigação das autoridades no apuramento dos factos do dia 06 de janeiro de 2020.

Na quinta-feira as autoridades federais retiraram o processo criminal contra um homem de Nova Iorque que tinha sido acusado de participar no motim, no mesmo dia em que os promotores garantiram uma segunda confissão de culpa por um dos mais de 450 réus deste processo.


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