Açoriano Oriental
Açores mantêm programa de observação do atum, apesar da fraca safra dos últimos anos
O Governo dos Açores vai manter o Programa de Observação da Pescas do Atum (POPA), apesar das fracas safras registadas nos últimos anos no arquipélago.
Açores mantêm programa de observação do atum, apesar da fraca safra dos últimos anos

Autor: Lusa/AO Online

 

"Temos de ter orgulho muito especial num programa como o POPA, que mantém, de forma sistemática, a recolha destes dados ao longo de muitos anos", sublinhou hoje o secretário regional do Mar, Ciência e Tecnologia, Fausto Brito e Abreu, no Fórum Internacional das Pescas, que está a decorrer na Horta, ilha do Faial.

Segundo o governante, além de um "enorme valor científico", o POPA permite "detetar tendências de alteração nas pescas", constituindo uma fonte de informação fundamental para os investigadores, mas também para os próprios profissionais da pesca.

"Não há muitas áreas da ciência que se possam dar ao luxo de ter dados recolhidos sistematicamente desde 1999", assinalou o secretário regional do Mar, para quem o POPA é também um apoio à formação dos pescadores, nomeadamente em matéria de conservação dos ecossistemas marinhos.

No seu entender, este esforço "transcende os selos de aprovação de uma pescaria sustentável", que são atribuídos às pescarias do atum nos Açores, por serem feitas com artes de pesca mais seletivas (salto e vara).

"O POPA é também um grande contributo à economia dos Açores, porque facilita as nossas exportações, tanto de conservas como de peixe fresco", insistiu Fausto Brito e Abreu, notando ser através deste programa que as conservas de atum produzidas nas fábricas da região podem ostentar o selo "Dolphin Safe - Frend of de Sea".

Para Miguel Machete, investigador do Departamento de Oceanografia e Pescas da Universidade dos Açores que coordena o POPA, "é importante" manter observadores a bordo dos atuneiros que operam nos Açores, apesar de as safras terem diminuído.

"Infelizmente, como já sabemos, a pescaria do atum nos Açores não tem corrido muito bem. As capturas têm sido reduzidas, nomeadamente nos primeiros meses de safra, e tivemos alguma dificuldade em embarcar os observadores, porque a maior parte dos barcos estava a pescar na Madeira", adiantou Miguel Machete.

Dos oito observadores contratados para a safra deste ano, apontou, apenas quatro estão embarcados, devido ao reduzido número de barcos que se encontra em atividade nesta época do ano.

Miguel Machete diz desconhecer as razões para que os atuns tenham praticamente desaparecido das águas dos Açores nos últimos anos, recordando que se trata de um "recurso que é migrador" e como tal, "não pertence aos Açores".

Na sua opinião, o aumento do esforço de pesca de atuns junto à costa africana, em águas mais quentes, onde os barcos de pesca utilizam artes de pesca mais intensivas, poderá ser um dos motivos para que os atuns não cheguem em grande número aos mares dos Açores.

"Estamos a falar de um enorme esforço de pesca, que incide sobretudo sobre os juvenis, e, embora não se estabeleçam relações diretas, essa forma de pescar, muito diferente da nossa, cria uma barreira difícil de transpor", exemplificou.

 

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